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Uma Iniciativa de Gênero

Autor original: Felipe Frisch

Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor

Muito já foi falado. Entretanto, pouco tem-se conseguido fazer com relação às ações do BID, do Banco Mundial e do FMI e às suas conseqüencias na vida das populações envolvidas nos programas por eles financiados. O que tem sido menos questionado ainda é a interferência desses projetos na problemática das mulheres. É, portanto, diante desse quadro, que surge a Iniciativa de Gênero, com o objetivo de monitorar essas ações, nos pontos em que tocam a causa feminina.


Coordenada pela Esplar, pela Fase, pela SOS Corpo e a Red Entre Mujeres, a Iniciativa tem o apoio da Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais (IFMs, como BID, BIRD e FMI). Trata-se, na verdade, como chamam as autoras, de "um programa de trabalho", uma idéia de articulação que vem atuando desde agosto de 1999 e já reúne cerca de 40 organizações e fóruns de diferentes regiões do Brasil de olho na execução dos programas financiados pelas IFMs.


- Se há problemas ambientais, por exemplo, com relação à qualidade da água, é a mulher que está em contato direto, quando lava a roupa e quando faz a comida - explica Sílvia Camurça, da SOS Corpo, lembrando que, se atinge as mulheres primeiro, acaba afetando toda a comunidade depois.


O que a Iniciativa vem fazendo desde agosto de 1999 é o levantamento de dados e o monitoramento do andamento dos projetos, através de reuniões e entrevistas com a população local, confrontando as suas visões com as das IFMs, e a do governo. Segundo Sílvia, o diferencial é a observação do cotidiano dessas comunidades, ou seja, como ele foi reestruturado e e até desestruturado a partir dos projetos, ditos de desenvolvimento:


- Às vezes, o projeto é bom, mas a implementação... A construção de estradas, por exemplo, é um projeto estruturador, mas que normalmente só passa a desestruturação para a população local, que fica com a prostituição, e esperando os hospitais e o saneamento prometidos. Os benefícios não vêm - relata.


Mas e o que é feito com os dados levantados? A estratégia da Iniciativa agora mantém o foco na comunicação, através da elaboração de dossiês, com números, estatísticas, para divulgar na imprensa. "O espaço com os governos locais raramente se dá através de audiência. O efeito é maior quando a matéria sai na imprensa, e, para isso, precisamos de números e informações mais bem acabadas", diz Sílvia, lembrando que deve ser publicado em breve o primeiro relatório, o "Ajuste Estrutural".


Quem estiver interessado em participar da Iniciativa de Gênero deve entrar em contato com o seu enlace regional, de acordo com a lista de endereços do Caderno da Iniciativa de Gênero, onde também é possível encontrar o relato sobre as experiências de monitoramento da Iniciativa até hoje. O Caderno está disponível para download.

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