Radicalismo ameaça patrimônio cultural

Autor original: Flavia Mattar

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O líder do Talibã, movimento que professa o radicalismo islâmico, Mullah Mohammad Omar, está colocando em perigo o patrimônio cultural do Afeganistão. A ordem em vigor é a de que sejam destruídas as estátuas em 90% do território afegão sob o seu controle.

Diante desta ameaça, a Sociedade para a Preservação do Patrimônio Cultural do Afeganistão (Society for the Preservation of Afghanistan’s Cultural Heritage - SPACH) está convocando a população a participar de um abaixo-assinado para que a cultura pré-islâmica seja protegida e preservada.

Uma delegação da SPACH acaba de retornar de Kabul, capital do Afeganistão, onde dialogou com altos oficiais, incluindo o Ministro das Relações Exteriores do Talibã, Wakil Ahmed Muttawakil. Todos asseguraram a cooperação do Emirado Islâmico do Afeganistão na defesa do patrimônio cultural do país.

Uma das maiores preocupações da SPACH são os rumores de destruição de estátuas do Kabul Museum, que reúne informações desde a pré-história. A maior parte desta coleção foi roubada, em 1993, por facções de guerra. O que restou foi catalogado com a ajuda da SPACH, que pretende, algum dia, recuperar o patrimônio perdido.

Outra preocupação da SPACH são as estátuas de Buddha, localizadas na província de Bamiyan. Ambas já foram avariadas anteriormente: a face do grande Buddha foi danificada com a fumaça vinda de pneus queimados, e o menor foi atacado em 1998, tendo perdido sua cabeça.

Os interessados em participar do abaixo-assinado podem obter mais informações no site da Unesco.

O mundo protesta

Diante das ameaças de destruição, crescem os protestos internacionais contra o Talibã. Radicais hindus na Índia queimaram uma cópia do livro sagrado islâmico, o Japão ameaçou cortar a ajuda às vítimas da seca no Afeganistão e os Estados Unidos reagiram, entrando em contato com representantes do Talibã na capital do Paquistão. Além disso, a União Européia classificou o início da destruição das estátuas como "um ato de barbarismo cultural e de intolerância religiosa"

Segundo o embaixador do Talibã para o Paquistão, Mullah Zaeef, a destruição das duas imagens de Buddah, que estão entre os mais espetaculares monumentos do país, já foi iniciada.