Para o ISA, todo dia é dia de índio

Autor original: Flavia Mattar

Seção original: Novidades do Terceiro Setor

Atualmente, 216 povos indígenas vivem no Brasil, totalizando cerca de 350 mil pessoas. Com o objetivo de divulgar o que ocorreu com essa parcela da população nos últimos cinco anos, o Instituto Socioambiental está lançando o livro Povos Indígenas no Brasil 1996/2000. O lançamento será feito nas cidades de São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e Manaus.

Quem pensa que a publicação não traz boas notícias está muito enganado. Entre elas, está a continuidade do crescimento global da população indígena; o desengavetamento do Estatuto das Sociedades Indígenas; a diferenciação e a descentralização dos serviços de atendimento à saúde e à educação escolar; a projeção crescente das organizações indígenas no chamado "mercado de projetos".

Mas o livro também destacou pontos negativos, como a ausência de uma política indigenista oficial compatível com que o que foi estabelecido pela Constituição de 1988, propiciando sobrevida à Funai, que em 33 anos de existência está no vigésimo-sétimo presidente. Também ressalta que pelo menos 12 povos estão na linha vermelha da extinção demográfica.

"A publicação é uma obra de referência, leitura obrigatória para quem quer conhecer a realidade dos povos indígenas brasileiros", acredita Fany Ricardo, coordenadora da equipe de pesquisadores-editores que garimpou todo o material. O livro, que contou com a colaboração de mais de 200 voluntários, dará continuidade a uma série iniciada em 1980, pelo Centro Ecumênico de Documentação e Informação (Cedi). Inicialmente, a publicação era anual.

Os interessados poderão consultar, em 832 páginas, 81 artigos, 1713 notícias resumidas, 27 mapas, 270 fotos, documentos avulsos, grafismos e quadros. Além disso, o leitor encontrará um resumo comentado das políticas indigenistas oficiais e não governamentais e da política indígena, propriamente dita. Também terá acesso a um capítulo sobre os 500 anos do Descobrimento: são doze narrativas indígenas sobre a origem do mundo, a chegada dos brancos e o "descobrimento".

"Reunimos informações qualificadas e abrangentes sobre a situação jurídica e de fato das terras indígenas, dos conflitos, da demografia, das línguas e da legislação. Abordamos também temas afins, como por exemplo, a construção de hidrelétricas, interesses minerários, garimpos, construção de estradas e grandes projetos governamentais, que acabam se sobrepondo às questões indígenas", explica Fany Ricardo.

A publicação custa R$ 52. Os interessados em encomendar um exemplar podem acessar o site do Instituto Ambiental – www.socioambiental.org.