Autor original: Maria Eduarda Mattar
Seção original: Notícias exclusivas para a Rets
Uma inquietação, pessoas e organizações articuladas e muita vontade de fazer as coisas mudarem. É nessa fórmula que se baseia a mais recente tentativa de combater a falta de ética no Brasil: a Vigília Cívica Contra a Corrupção, uma iniciativa encabeçada pela Transparência Brasil (TBrasil) e pelo Conselho Federal da OAB – DF. Trata-se de um estado de alerta e um monitoramento constante das atividades não só do poder público, mas de todas as esferas da sociedade que, em duas semanas de atuação, já conta com o comprometimento de mais de 25 organizações.
A iniciativa partiu da TBbrasil - entidade dedicada ao combate à corrupção - que está fazendo a articulação e secretaria da Vigília nesse primeiro momento. Segundo seu coordenador, Francisco Whitaker, esse estado de alerta pretende reunir aqueles que se preocupam com a atual situação brasileira, marcada por escândalos em votações no Congresso e formação de CPI contra a corrupção generalizada. Ou seja, aqueles que querem uma real transparência nos processos públicos. Para Claudio Weber Abramo, secretário geral da TBrasil, a iniciativa é “um chamamento a entidades e indivíduos no sentido de se constituírem grupos de trabalho para refletir sobre questões específicas e definir meios, metas e propostas de atuação relativas a essas questões”.
Para fazer valer e concretizar as reivindicações, as ações não serão modestas. Num primeiro momento, serão realizadas visitas ao Procurador Geral da República; ao Presidente do Banco Central; ao Presidente do Tribunal de Contas da União; ao Secretário da Receita Federal e ao Secretário Federal de Controle, para apresentação da Vigília e para convidar todos eles a se comprometerem com a causa. Também serão visitadas entidades de classes e meios de comunicação para divulgar amplamente a iniciativa.
A articulação da Vigília está sendo feita em rede, com atividades a curto, médio e longo prazo. A curto prazo, serão formados os grupos de trabalho. A médio e longo prazo, haverá o empenho para tornar a educação uma ferramenta de combate à corrupção, com a disseminação, em todas as escolas, de programas de educação para a cidadania. As reuniões dos grupos serão públicas e abertas a quem desejar participar para opinar, sugerir e criticar.
Neissam Monadjem, vice-presidente da TBrasil lembra que o movimento não pretende ser um simples ‘disque-denúncia’, não se pretende ficar acusando indivíduos de corruptos ou corruptores: “As pessoas devem saber que podem fazer muito mais do que delatar ou acusar - podem ajudar a mudar o tecido social que permite essa corrupção”, afirma. Whitaker reforça essa idéia explicando que a intenção é estimular a tomada de posição de toda a sociedade: “Estamos dando o pontapé inicial, querendo que essa atitude se estenda a toda a população brasileira”. Ou seja, a iniciativa não foi criada para ficar restrita às instituições que participam dos encontros. Para fazer parte, contribuir ou saber mais, qualquer cidadão pode entrar em contato com as instituições envolvidas na iniciativa. Também é possível participar através de um Fórum que está sendo desenvolvido no endereço www.transparencia.org.br/rede.
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