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Mudanças possíveis

Autor original: Flavia Mattar

Seção original: Notícias exclusivas para a Rets

Segundo Regina Esteves, Superintendente Executiva do Programa Alfabetização Solidária, a maior participação da sociedade e principalmente da família na vida escolar seria fundamental para melhorar a situação do ensino no Brasil. Já Ricardo Cunha, da equipe técnica do Instituto Paulo Freire, chama a atenção para a necessidade de educação continuada dos docentes e do setor administrativo das escolas, bem como a valorização profissional, melhoria de infra-estrutura e segurança.


"Acho que o que nós precisamos mesmo é acabar com a visão massificante que o Estado possui da educação. O que está ocorrendo é uma valorização da quantidade em detrimento da qualidade. O governo quer que um maior número de alunos saia o quanto antes das escolas e não está se preocupando com o que estão aprendendo ou deixando de aprender", diz Ricardo.


O Instituto Paulo Freire está investindo na educação à distância desenvolvendo cursos e acompanhando a proposta pedagógica de projetos. "A Internet é considerada um importante e apropriado espaço de formação, capaz de resolver por exemplo a situação de pessoas que estão alijadas da educação por morarem muito afastadas. Acredito que todas as instituições que se dedicam à educação deverão iniciar movimentos para oferecer cursos pela web. Isso melhora a situação da educação no país e no mundo", acredita Ricardo.


Como anda a atuação das ongs em geral para a mudança do panorama educacional?


Regina Esteves acredita que as organizações do terceiro setor têm exercido papel fundamental. Um deles é o fortalecimento da oferta pública através da articulação com os setores governamentais. Outro é chamar a atenção da sociedade para a necessidade de se mobilizar para promover mudanças no ensino. Um exemplo importante também seria o atendimento a um público que muitas vezes a educação formal não consegue atingir. "São os habitantes das comunidades rurais dos municípios com os índices mais elevados de analfabetismo do Brasil, concentrados no Norte e Nordeste. A educação de jovens e adultos no ensino fundamental ainda não está implantada em todos os municípios, apesar da demanda ser extensa", explica.


Ricardo Cunha fala que, apesar do trabalho das ongs atingir um percentual muito pequeno da população se comparado às ações do Estado, os serviços oferecidos acabam por ser de melhor qualidade. "Isso acontece porque trabalham com causas específicas, atreladas à necessidades das comunidades e com menor índice de corrupção que o Estado. Mas acho que ainda há carência na elaboração concreta de projetos regionais de educação que congreguem esforços do terceiro setor, de investidores e do Estado", diz.

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