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Na cola da recuperação da população de rua

Autor original: Flavia Mattar

Seção original: Notícias exclusivas para a Rets

Não é só nas escolas que são encontrados jovens envolvidos com drogas. As crianças e os adolescentes que vivem nas ruas estão muito mais expostos a esse problema. Para prevenir e combater o consumo de drogas entre essa população foi criado o Projeto Excola, em 1989. Cinco anos depois, o que era apenas um projeto, se tornou a ong Excola.


"É impossível para os jovens viver na rua sem fazer uso de alguma substância que lhes proporcione instantes de prazer ou mesmo a falsa sensação de ‘paraísos artificiais’. O Excola aprendeu que para ter sucesso na intervenção junto à população de rua, é preciso focar no sujeito e no contexto social e não na droga em si", explica Antônio Monteiro de Souza, psicólogo e coordenador de projetos do Excola.


Segundo ele, atualmente a cola ainda ocupa um espaço significativo na economia das drogas na rua, no entanto ela é mais consumida entre as crianças. Os adolescentes preferem a maconha e a cocaína, sendo que tem crescido o consumo desta última. O álcool, ao contrário do que se verifica na classe média, tem pouca incidência de consumo entre crianças e jovens em situação de rua. "Não se pode precisar uma idade, mas temos certeza que a primeira experiência com drogas está acontecendo cada dia mais cedo. É comum ver crianças de 5, 6 anos de idade cheirando cola. Apesar de já termos encontrado uma criança de 9 anos totalmente dependente de cocaína, a experiência com este tipo de droga fica mais acentuada na adolescência", acrescenta.


Para lutar contra esse e outros problemas vividos pelos jovens na rua, o grupo Excola criou jogos e atividades para discussão das dificuldades enfrentadas e estabeleceu relações com serviços públicos de saúde e com organizações da sociedade civil, que ofereciam moradia. Além disso, foram desenvolvidas atividades como capoeira, futebol, teatro e música.


"No decorrer de nosso trabalho aprendemos que trabalhar exclusivamente com meninos e meninas em situação de rua fortalecia um gueto. Passamos então a trabalhar também com crianças e jovens vindos de comunidades carentes. Assim, propiciamos uma oportunidade para os que estão em situação de rua desenvolver relações com pessoas que vivem realidades diferentes. Hoje em dia atendemos um total de 180 pessoas em situação de risco, sendo que 75% consomem drogas lícitas e ilícitas e cerca de 15% têm riscos reais de se tornarem dependentes químicos", diz.


Hoje em dia, o Excola conta com o patrocínio da Fundação para Infância e Adolescência – FIA, da Secretaria Municipal de Ação Social da Cidade do Rio de Janeiro - SMDS e da Visão Mundial, e o apoio da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-RJ e dos Médicos Sem Fronteiras. O grupo desempenhou um importante trabalho ao recolher assinaturas para elaboração de projetos como Estatuto da Criança e Adolescente, Conselho Municipal, Conselho Estadual, Conselhos tutelares. Além disso, participou de pesquisas junto a universidades e instrumentalizou dezenas de teses de mestrado.


Mais informações sobre a iniciativa podem ser obtidas pelo telefone (21) 224-1414 ou por correio eletrônico.

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