Autor original: Felipe Frisch
Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor
Foto: Perla Rossetti |
A cidade de São Paulo ganhou oficialmente, no dia 4 de maio, uma iniciativa que já nasce vencedora. É a Agência Quixote Spray Arte, uma idéia três vezes revolucionária: primeiro por afirmar a grafitagem como forma de expressão artística, depois por tirar jovens da situação de risco social e inserí-los no mundo do trabalho, e, ainda, por gerar renda para os garotos que nela desenvolvem seus trabalhos.
Iniciativa que nasceu dentro do Projeto Quixote, da Escola de Medicina da Unifesp, a agência foi o projeto vencedor da última edição do Prêmio Empreendedor Social da Ashoka e da McKinsey. Seus idealizadores são responsáveis pela elaboração de um plano de negócios que, não só produz belos resultados na forma de camisetas, bonés, banners promocionais e muros grafitados, como mostra que um projeto social pode se auto-sustentar.
Para participar da agência, os meninos têm de passar pelas diversas etapas anteriores que o Quixote promove - no apoio à educação, à saúde e ao lazer. Entrar na agência significa, segundo sua coordenadora, Graziela Bedoian, uma última fase para a reintegração social do jovem. Dali, mesmo que não sigam carreira como grafiteiros, eles já devem sair muito mais preparados para encarar as relações de trabalho convencionais.
São duas as formas como os jovens podem entrar na Spray Arte: como aprendizes, ou como profissionais. Nesse último caso, normalmente se encaixam os mais velhos, que já têm conhecimentos das técnicas. Ambas as possibilidades são remuneradas, por serviço prestado ou por bolsa, no caso dos que ainda estão se profissionalizando. Hoje, a equipe tem cinco grafiteiros e cinco aprendizes. Graziela pretende contar com 10 garotos no aprendizado e 30 profissionais, no final do segundo ano.
Outro produto da agência são os workshops, que ensinam técnicas de grafitagem a grupos interessados, além de transformar grafiteiros em educadores e multiplicadores do grafite e da cultura hip-hop, que ainda encontra formas de expressão na dança - o break -, e na música - o rap.
A coordenadora lembra que não são só os meninos que têm a ganhar com o projeto, mas a cidade também. “Onde está grafitado não há pichação”, diz. Contente com as possibilidades que se abrem com a execução do plano de negócios da agência, Graziela lembra da importância da aproximação entre o setor privado e as organizações do terceiro setor:
- Ser auto-sustentável é um passaporte até para facilitar parcerias com outras entidades. Você sabe que não está se “humilhando”, e nem pedindo ajuda. Seria interessante que acontecesse o inverso também. Não é só o terceiro setor que tem que se aproximar da iniciativa privada. Os empresários também têm o que fazer pelas causas sociais.
Os produtos da Agência estão à venda na sede do Quixote, que fica na Rua Professor Francisco de Castro, 92, na Vila Clementino. Os preços variam entre R$ 15 e 20, para bonés e camisetas. Valores para outros produtos, como muros e seminários, devem ser combinados. Os telefones do Quixote são (11) 5904-3524 e 5576-4386.
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