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Via sacra

Autor original: Daniela Muzi

Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor

Os 200 mil animais provenientes das regiões Norte e Nordeste que conseguem sobreviver ao transporte e captura são escoados pelas rodovias federais para as regiões Sul e Sudeste, principalmente para São Paulo e Rio de Janeiro. Nesses dois estados os animais são vendidos em feiras livres ou exportados através dos principais portos ou aeroportos dessas regiões.


Os animais sofrem bastante nesse caminho. "Muitas vezes o tráfico acarreta a morte, pois os contrabandistas são cruéis. Para conquistar os consumidores são capazes de quebrar os ossos dos peito da aves, como por exemplo as araras que ficam mansas em conseqüência da dor, embriagar os macacos com cachaça e enfiar papagaios dentro de tubos de PVC para driblar o controle efetuado nos aeroportos" revela Eduardo Wernech.


Os principais compradores dos nossos animais são a Europa, Ásia e América do Norte. Segundo Eduardo, nesses locais podem virar animais de estimação ou terminar em algum Zoológico de países menos envolvidos com a questão da preservação da fauna. "As serpentes são muito usadas para a base de diversos medicamentos, como por exemplo a jararaca, e serve ilegalmente à indústria farmacêutica internacional", afirma Eduardo. O maior fornecedor mundial de venenos ofídicos é a Suíça, que não possui uma única Jararaca em seu território. A cotação internacional desses venenos é altíssima - um grama de veneno de Jararaca vale US$ 600 e o da Cascavel (Crotalus) US$ 1.200.


E o comércio internacional é mais lucrativo: o mico-leão-dourado é vendido internamente por US$ 180, na Europa chega a custar US$ 15 mil. Algumas espécies de araras brasileiras chegam a custar 60 mil dólares. "Só a partir de uma maior conscientização e de denúncias será possível um combate mais eficaz ao tráfico de animais silvestres", prevê Eduardo.

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