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Conversa de comadre

Autor original: Daniela Muzi

Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor

São 40 mulheres – 20 adultas e 20 adolescentes – promovendo palestras, encontros, discussões em 10 bairros da cidade de Nova Friburgo e em mais três municípios: Bom Jardim, Monerá e Cordeiro. O papo é sério: prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e Aids, mas o tom da conversa é bastante amigável, como uma conversa de comadre.


Essa é a proposta do projeto “ Responsabilidade Social e Estratégias Compartilhadas de Prevenção às DST/Aids”, lançado no dia 4 de maio pela ong Ser Mulher, de Nova Friburgo. O projeto coordenado pelas psicólogas Herta Martins e Gracia Massad recebe o financiamento da Coordenação DST/Aids do Ministério da Saúde e da Unesco. A iniciativa pretende contribuir para a diminuição da vulnerabilidade das mulheres às DST e Aids, através do estimulo e fortalecimento de ações junto às comunidades pelas agentes comunitárias formadas pelo próprio projeto.


“As mulheres selecionadas já são líderes comunitárias. São professoras, estudantes que participam de grêmios estudantis, pessoas que já exercem algum tipo de liderança e possuem intimidade e habilidade de falar com a comunidade local. O que é muito melhor do que um médico ou um psicólogo, pois essas agentes possuem a mesma linguagem do seu público, o que facilita a comunicação e atinge um maior número de pessoas ”, justifica Herta Martins.


As mulheres estão urgindo mais preocupação. Segundo a psicóloga Herta Martins, o perfil da contaminação da Aids mudou: hoje o maior índice de pessoas contaminadas são mulheres casadas, em idade reprodutiva ( 30 a 49 anos), monogâmicas, pobres e interioranas e meninas de 10 a 14 anos grávidas, que passam o vírus da Aids para os seus filhos. É a feminização da Aids. Em Nova Friburgo, os números falam mais alto. Dos sete novos casos de Aids neste ano, cinco são mulheres e dois homens, de acordo com dados da Coordenação de DST/Aids de Nova Friburgo.


Herta expõe alguns motivos que contribuem para o alto índice de contaminação de Aids em mulheres. “Além da falta de informação em cidades do interior e nas zonas rurais, a hierarquia social de gênero - onde os homens mandam nas mulheres - contribuem para este quadro. Eles proíbem suas esposas de irem ao ginecologista, interferem na questão da prevenção. Muitas mulheres que se recusam a transar sem camisinha apanham de seus maridos e acabam cedendo às suas vontades e assim contribuem para o aumento da Aids.”

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