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E o que são energias alternativas?

Autor original: Flavia Mattar

Seção original: Notícias exclusivas para a Rets

No Brasil, a abundância de rios e recursos naturais faz com que 92% da eletricidade seja gerada por usinas hidrelétricas. No resto do mundo, esse índice é de apenas 2,6%. Diante da crise de abastecimento de energia por que passa o país, é preciso pensar em outras alternativas. E não são poucas as opções. O vento, o sol, o gás e o lixo, por exemplo, são capazes de produzir eletricidade.


"O que se considera fonte de energia alternativa, deveria ser adotado como fontes de energia convencional, considerando as peculiaridades de cada ambiente. Isso garantiria uma desconcentração na geração de energia e menor risco de colapso energético mais amplo. O Brasil tem ficado a reboque dessas pesquisas, certamente, tendo que comprar no futuro os pacotes tecnológicos desenvolvidos pelos países ricos", lamenta Alexandre Araújo, coordenador executivo da Associação Pernambucana de Defesa da Natureza (Aspan).


De acordo com Sérgio Mattos Fonseca, diretor da Aprec, as energias alternativas são o caminho evolutivo da tecnologia a ser usada por nossa espécie. "O Brasil possui e deve investir prioritariamente em seus projetos de geração de energias alternativas, sob pena de, novamente, servir de "lixão das tecnologias" dos países do primeiro mundo, que despejarão aqui suas termoelétricas extremamente poluidoras, aproveitando o "terrorismo energético" instalado pelo plano de racionamento de energia que se anuncia", acredita.


Opção viável do ponto de vista técnico e econômico é a energia eólica – que se origina no vento. Já existem captadores para transformar a força do vento em eletricidade em Minas Gerais, no Ceará e no Paraná. Mas isso ainda é muito pouco, frente a dimensão continental do Brasil. Outra boa opção é a energia solar, capaz de colocar em funcionamento todos os eletrodomésticos da casa, dependendo do sistema que for implementado. A energia que não for consumida pode ser armazenada em baterias. Em áreas rurais, é mais barato equipar a propriedade com captadores de energia solar do que estender a rede elétrica por vários quilômetros.


O pesquisador Luciano Basto Oliveira, coordenador do Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (Ivig), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é defensor do aproveitamento de lixo para a geração de eletricidade. Segundo ele, somente com a transformação dos restos de comida em energia elétrica, seria possível gerar 7% de toda a eletricidade consumida no Brasil. Já a energia gerada pela queima do bagaço de cana, da casca de arroz e da serragem representaria 12% do consumo nacional. Somando a economia pelo aproveitamento de latas, vidros, papel e plástico (10%), é possível chegar a 29%. Para ressaltar a importância da reciclagem, o estudioso lembra que é possível gastar 70% menos eletricidade para transformar papel usado em novo do que para transformar pasta de celulose em papel.


Segundo Alexandre Araújo, em Pernambuco, em medos da década de 80, o governo do Estado instalou uma experiência de geração de fonte alternativas de energia que envolvia biodigestores, aerogeradores (para o vento) e células fotovoltaicas (para o sol) que alimentariam 50 casas constituindo-se numa verdadeira "Ilha Energética". Apesar dos problemas de dimensionamento de geração de energia do projeto, o mesmo seria um grande laboratório, até porque envolvia também diretamente na manutenção e operação do sistema a população residente no projeto. Entretanto, outro governo estadual optou pela desativação do projeto, abandonando-o antes mesmo que começasse a funcionar.


"Uma das soluções seria obrigar que os distribuidores adquirissem uma parte da energia oriunda de fontes renováveis, tal qual ocorre na Comunidade Européia, onde na mesma cesta você agrega energia eólica, solar, térmica a carvão, entre outras. Com isso, haveria mais incentivos e repasse de investimento para estes setores, de energia alternativa, gerando além de eletricidade, qualidade de vida e empregos", conclui Armando Gomes Filho, do Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio).

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