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À cata de cidadania

Autor original: Daniela Muzi

Seção original: Serviços de interesse para o terceiro setor

Homens, mulheres e crianças que sobrevivem recolhendo matérias recicláveis no meio do lixo, em busca de alguma uma renda. São os catadores de materiais recicláveis. Esses cidadãos interferem diariamente no ciclo da limpeza urbana, impedindo que os resíduos reutilizáveis sejam “desperdiçados” no lixo – seu destino freqüente. Essa atividade, ao contrário do que muitas pessoas pensam, é muito nobre, pois além de gerar renda para trabalhadores desempregados, contribui para a redução dos custos de limpeza urbana, melhora as condições operacionais dos aterros sanitários e mais: ainda contribui para a preservação ambiental. Apesar de tudo isso, os catadores são discriminados pela sociedade.


Com a próposta de mudar essa situação, o Fórum Nacional de Estudos sobre a População de Rua vai organizar o Congresso Nacional de Catadores de Materiais nos dias 4, 5 e 6 de junho, em parceria com a Unicef , CNBB e a Cáritas Brasileira. O Fórum é formado por instituições como Organização de Auxílio Fraterno (OAF), Cooperativa de Catadores Autônomos de Papel, Papelão, Aparas e Materiais Reaproveitáveis (Coopamare), Cooperativa de Reciclagem Unidos do Meio Ambiente de Poá (Cruma), Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, a Cooperativa de Reciclagem de Papel, Papelão e Materiais Reaproveitáveis (Coorpel), e a Água e Vida (Centro de Estudos de Saneamento Ambiental).


A proposta do evento - segundo a coordenadora de projetos da OAF, Regina Maria Manuel - é estabelecer uma organização política, econômica e social através da articulação de propostas coletivas que evidenciem a presença social dos catadores/recicladores. “Queremos levantar a bandeira da regularização da categoria de catador e estabelecer políticas para que ela se estabeleça. Para reivindicar esses direitos é necessário que antes os catadores desenvolvam um organização política”, expõe Regina. Um dos obstáculos encontrados pelos catadores é o interesse especulativo de empresas que pretendem explorar o setor de saneamento, incluindo a limpeza urbana e a coleta seletiva. “Nosso objetivo é evitar que os catadores fiquem à margem desse processo”, completa.


Segundo Regina, os catadores não são necessariamente moradores de rua. Muito deles após execer esta atividade conseguiram sairam das ruas, morar em suas próprias casas e conseguem ter uma renda de três a cinco salários mínimos. “A regulamentação passou a ser uma necessidade para essas pessoas. Alguns pensam em não mudar de trabalho e fazer isso para o resto da vida”.


Para que isso aconteça, serão encaminhadas propostas ao Congresso Nacional. Entre elas estão: o reconhecimento da categoria do catador na legislação; a garantia de inclusão dos catadores em programas municipais de coletas seletivas; a criação de linhas de financiamento específicas para cooperativas de catadores e a criação de mecanismos que incentivem a indústria nacional de reciclagem.


O Congresso Nacional de Catadores de materiais Recicláveis será sediado na Universidade de Brasília (UNB) e já está com as suas 1500 vagas preenchidas. Os temas discutidos no Congresso serão: “ A importância do trabalho do catador”; “Gestão e destinação de Resíduos Sólidos: mobilização de coleta seletiva, leis, políticas e incentivos”; “Formas de organização: cadeia produtiva reciclável”, “Mundo dos Recicláveis”, “Organização Popular” e “Economia Solidária”.


Para maiores informações sobre o Congresso os interessados devem entrar em contato a sua secretaria em Brasília telefone (11) 225-6688 ou pelo correio eletrônico o.a.f.@uol.com.br.


Marcha humanitária

No último dia do congresso, dia 7 de junho, será realizada a I Marcha da População de Rua em Brasília, onde os participantes do evento irão se unir com moradores de rua.


O objetivo da manifestação é denunciar a grave situação de miséria na qual se encontra a população de rua e demonstrar que saídas concretas e não excludentes são possíveis e viáveis econômica e socialmente. Na ocasião, será apresentada pelos moradores de rua uma Feira de Trabalhos, que demonstrará que é possível desenvolver trabalho e espaços de inclusão.


A passeata vai começar às 13h e terá concentração no Ginásio Nilson Nelson, em Brasília. O destino será o Congresso Nacional.

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