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Em cartaz: Movimento Hip Hop na Rocinha

Autor original: Daniela Muzi

Seção original: Novidades do Terceiro Setor






"Uma idéia na cabeça e uma câmera na mão”. Neneca Chagas e Clarice Almeida levaram a sério frase de Glauber Rocha. A câmera era uma Super VHS (um sistema de gravação superior ao das câmeras caseiras VHS) e a idéia era fazer um documentário sobre o movimento Hip Hop na Rocinha.


Ativista de vários movimentos socias no Rio Grande do Sul, Neneca Chagas veio no início do ano visitar a favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, para conhecer o movimento Hip Hop da maior favela da América Latina. Neneca ficou encantada com o que viu. Ela e Clarice Almeida - também diretora do documentário - perceberam que o assunto tinha muito a ver com a luta dos movimentos sociais do Rio Grande do Sul. Foi então que as duas gaúchas se embrenharam pela primeira vez no mundo das imagens.


“O principal objetivo do documentário é causar polêmica e provocar a dicussão da inclusão social que não é um problema só do Rio de Janeiro: no Sul acontece a mesma coisa, pois essa é uma questão universal. Toda vez que exibirmos o documentário pretendemos promover um debate e mostrar que a inclusão social feita na Rocinha deu certo. Enquanto eu estive lá, só encontrei duas crianças de rua e, segundo a equipe da Aspa, são as únicas da comunidade. Já houve tentativa de integrá-las, mas os pais das crianças não foram localizados”, explica Neneca.


“Endereço: Rocinha” foi gravado no mês de fevereiro com a ajuda indispensável da equipe da TV Tagarela – adolescentes que fazem aulas de capacitação em vídeo na associação Ação Social Padre Anchieta (Aspa). “Durante as gravações tivemos todo o apoio. Estar com a TV Tagarela nos abriu várias portas. Não sofremos nenhuma represália de traficantes ou algo parecido. Pelo contrário, só o que eu vi foram coisas boas, uma comunidade unida e 150 mil habitantes com um pensamento coletivo”, elogia Neneca. Para Carlos Antônio Firmino, coordenador da Aspa, a experiência também foi boa: “Os jovens puderam colocar em prática o que eles aprenderam e aprendem, pois a oficina de vídeo é um constante treinamento", completa.


O documetário - que terá entre 15 a 20 minutos de duração - está em fase de finalização em Porto Alegre. Quem está cuidando de toda a parte de edição é Clarice Almeida, que já adianta um pouco do resultado do trabalho: “ Nós vamos inovar a linguagem do documentário, misturar as imagens da Rocinha com grafites que estão sendo desenhados por grafiteiros aqui do Rio Grande do Sul. Estes artistas vão produzir desenhos de acordo com as temáticas abordadas e vamos fazer um fusão entre elas e as imagens documentadas.”Para que isso aconteça, as imagens estão sendo passadas para o sistema de gravação digital - que além de oferecer recursos que garantem a qualidade da imagem, possibilitam a inserção dos desenhos que são escaneados, jogados dentro do computador e editados.


O fundo musical, nem é preciso dizer, vai ser Hip Hop, mano. Clarice está tentando fazer contato com MV Bill para a cessão de algumas de suas músicas para o documentário, além de ulilizar as músicas dos grupos de Hip Hop da própria Rocinha.


Quando for finalizado, as diretoras pretendem exibir o documentário em universidades, organizações sociais e em emissoras de TV como a TVE do Rio Grande do Sul e a TV Cultura. E não vão parar por aí. O documetário será traduzido na linguagem dos surdos-mudos, o que para Neneca é muito importante, pois inclui no seu público os deficientes auditivos. Neneca e Clarice também vão tentar a exibição em salas alternativas, como a Usina do Gasômetro ou Centro Cultural Mário Quintana, ambos em Porto Alegre. Está sendo providenciada a legendagem em inglês, para que sejam encaminhadas cópias para as tevês alemã e francesa. Parte da renda obtida com a exibição será destinada a projetos socias desenvolvidos pela Aspa.


A previsão do lançamento do “Endereço: Rocinha” é para fim de julho. O documetário será lançado na Rocinha e em Porto Alegre. Mas para que isso aconteça, Neneca e Clarice estão precisando de apoio para a finalização (edição) e distribuição. Os interessados em apoiar o projeto devem entrar em contato com o SM3 pelo telefone (51) 3321- 1997 ou pelo correio eletrônico sm3@terra.com.br e falar com Sandra Marques. Para entrar em contato com Clarice Almeida o correio eletrônico é claraclarice@hotmail.com.

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