TV Tagarela: imagens da favela

Autor original: Daniela Muzi

Seção original: Novidades do Terceiro Setor

A Ação Social Padre Anchieta, mais conhecida como Aspa, é uma instituição comunitária sem fins lucrativos que tem a missão de desenvolver um trabalho sócio-educativo, cultural e religioso dentro da comunidade da Rocinha. A Aspa nasceu na década de 60, fundada por um padre – que não se chamava Anchieta, mas Paulo M. Barbosa. Ele e outros professores da Puc-Rio ingressaram na comunidade residencial proletário da Gávea para desenvolver um trabalho social. Mais tarde, a comunidade é removida e a Aspa tem as suas atividades transferidas para a favela da Rocinha. O objetivo é nobre: elevar a qualidade de vida da população da favela.

Para cumprir a sua missão a Aspa promove várias atividades sócio-educacionais, entre elas a Creche Aspa; a Banca de Deveres - que incentiva crianças de 7 a 14 anos a valorizar a educação de maneira criativa; a Brinquedoteca, que oferece educação lúdica a crianças; uma escolinha de futsal, onde são desenvolvidos conceitos de cidadania e educação. Além dessas atividades a associação promove oficinas de capacitação e geração de renda. São oficinas de tecelagem, confecção de tapetes e a Aspa Vídeo - oficina que faz mais sucesso entre os moradores da comunidade. A proposta desta oficina é treinar adolescentes de 14 a 21 anos na prática da produção em vídeo. Nela, os jovens aprendem a editar, a fazer câmera, texto e roteiro para TV.

Para Antônio Carlos Firmino, coordenador da Aspa, o sucesso da oficina de vídeo se dá por ser uma proposta diferente e nova dentro da comunidade, que aumenta a auto-estima dos jovens e combate a discrimação. “Os jovens vêem que eles mesmos podem fazer televisão, justifica Firmino.

As exibições da TV Tagarela têm público certo. Mensalmente, cerca de 150 pessoas vão para a porta da Aspa assistir à programação produzida pelos jovens da comunidade. “A população adora, pois se vê na tela e assiste a uma programação totalmente compatível com a sua realidade - ao contrário da programação da TV aberta, dirigida a pessoas de classe média alta”, comenta Firmino.