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11 anos de muito Axé

Autor original: Daniela Muzi

Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor








"Os dirigentes do Terra Nuova e eu estávamos encerrando uma pesada jornada de trabalho na sede provisória do projeto que era em minha casa, na praia de São Tomé. Um deles perguntou: “Qual é o nome desse projeto?” Entre nós baixou o silêncio. Olhei para fora da janela da sala: o sol estava desaparecendo atrás da Ilha de Maré e, nas águas da Bahia de Todos os Santos. Na praia, nuvens de “capitães da areia” brilhavam sua negritude aos últimos raios de sol .“Axé” sussurrei - “Projeto Axé”. Os dirigentes recém-chegados da Itália não entendiam nada e me olhavam interrogando silenciosamente. “No Candomblé da Bahia, expliquei, o axé é o principio vital, a energia que permite que todas as coisas do mundo existam. Nomeando o projeto de Axé, não estamos apenas prestando homenagem à religiosidade e à cultura afro-brasileira. Estamos também afirmando que a criança é o axé mais precioso de uma nação”.


Cesare de Florio La Rocca, presidente do Projeto Axé.


Não foi por acaso que o nome do projeto é Centro Projeto Axé de Defesa e Proteção da Criança e Adolescente. O nome é grande, mas maior ainda é a missão desse plano: prestar atendimento às crianças e jovens de Salvador, Bahia, que estão fora da família, da comunidade, da escola e já em situação de rua, marcados por uma situação de extrema pobreza e  muitas vezes privados de seus direitos.


Criado em 1990, o Projeto Axé tem sua proposta baseada numa visão de educação integral, buscando que os jovens atendidos se situem criticamente na sociedade e sejam capazes de estruturar um projeto de vida pessoal e social. O primeiro passo do Axé foi em 1990, quando fez um reconhecimento do números de crianças de rua em Salvador. Através de uma contagem orientada metodologicamente, chegaram ao número de 12.000 meninos e meninas. Depois disso, o Axé formou educadores e foi às ruas.


O Axé nasceu da ong italiana Terra Nuova - que estava abrindo um escritório de representação aqui no Brasil em 1989 - e contou com o apoio legal e político do Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua (MNMMR). Um dos princípios mais defendidos pelo Axé, segundo a sua coordenadora geral, Ená Pinto Benevides, é respeitar o local onde vivem as crianças e adolescentes. Ou seja, o projeto presta o atendimento às crianças no lugar onde eles se encontram, nas ruas. “Muitos desses jovens proferem o discurso “Eu não tenho nada a perder”. Nós, em contrapartida, trabalhamos com a “Pedagogia do Desejo” - que pretende recuperar a vontade de sonhar deles - e assim invertemos esse quadro", diz Ená.


Depois de 11 anos defendendo o lema “A melhor educação para os mais pobres”, o projeto já atendeu mais de 7.700 crianças e adolescentes, entre 5 e 21 anos, sendo que desses jovens 30% são meninas. Os participantes do projeto são assistidos por todos os lados. Os educadores procuram saber se os meninos e meninas de rua têm família; prestam atendimento jurídico - caso o jovem não tenha documentos; fornecem atendimento médico e, a partir de então, o educando decide o que vai fazer da sua vida. Ená acredita que o projeto já conseguiu mudar a realidade social de Salvador. “ Nesses 11 anos de atuação, o nosso motivo de orgulho é ter formado grandes cidadãos e ter oferecido uma escola de qualidade a eles”.


O Centro Projeto Axé de Defesa e Proteção da Criança e Adolescente fica na Avenida Estados Unidos, 161, Edifício Suerdieck, 9º e 10º andar, Comércio, Salvador – Bahia. Quem quiser entrar em contato ou obter informações sobre o projeto pode ligar para (71) 242-5815, (71) 242-5912 ou enviar uma mensagem para projetoaxe@uol.com.br.

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