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Lançado Fundo de Apoio a Projetos de Ecodesenvolvimento

Autor original: Marcos Lobo

Seção original: Serviços de interesse para o terceiro setor

"Avaliando e Comunicando as Práticas de Responsabilidade Social das Empresas". Esse foi o título do evento realizado em São Paulo pelo Instituto Ethos no início de junho. Mais do que um encontro para discutir o papel social do setor privado no Brasil, o evento também marcou o lançamento oficial do Fundo de Apoio a Projetos de Ecodesenvolvimento.


Fruto de uma parceria entre a Fundação O Boticário e a Fundação Interamericana, o Fundo servirá de incentivo a projetos que respeitem os recursos naturais, diminuindo o máximo possível o seu impacto na natureza. O que se pretende é valorizar iniciativas que demonstrem preocupação não só com questões ambientais, mas também sociais. Nesse quadro, deverão se encaixar projetos voltados para a promoção de alternativas sustentáveis de geração de renda e para a busca da qualidade de vida nas comunidades.


"Queremos fortalecer os valores que levem à prosperidade e qualidade de vida pela educação e mobilização, através do investimento social e cuidado com a natureza", explica o diretor técnico da Fundação O Boticário, Miguel Milano.


Consórcios de organizações não-governamentais, ongs e instituições públicas interessadas em obter financiamento do Fundo de Apoio a Projetos de Ecodesenvolvimento terão até quatro anos para colocar em funcionamento seus programas.


Segundo Milano, as propostas apresentadas deverão conciliar o desenvolvimento sócio-econômico com conservação da natureza. "Elas devem estar em áreas consideradas como zonas tampão de unidades de conservação. As propostas deverão ser apresentadas no modelo de carta-consulta que está sendo divulgado". Milano acrescenta ainda que a cada projeto selecionado caberá um convênio específico entre a organização e a Fundação O Boticário.


"Nele deverão constar os objetivos e metas, metodologia de desenvolvimento, cronograma, orçamento, formas de acompanhamento e prestação de contas dos recursos recebidos".


De acordo com a Fundação O Boticário, O Fundo não pretende financiar integralmente cada projeto. A idéia é garantir pelo menos 25% do total de recursos necessários para sua implementação – o orçamento total de cada programa deverá ficar entre US$ 50 mil e US$ 100 mil.


"As propostas apresentadas serão julgadas quanto ao mérito técnico, viabilidade de execução, potencial de auto-sustentabilidade futura após o fim do apoio inicial", adianta Milano.


A Fundação O Boticário completou dez anos de existência no ano passado. De lá para cá, a instituição vem dando apoio a diversos projetos reconhecidos pelo respeito ao meio ambiente e preocupação com a sua conservação.


Na elaboração do Fundo, a Fundação O Boticário conta também com a participação da Fundação Interamericana, um órgão independente do governo norte-americano criado em 1969 e que tem como principal objetivo servir de alternativa aos programas de ajuda externa dos Estados Unidos para a América Latina e Caribe. Para isso, a entidade participa de projetos junto aos setores público e privados voltados para a mobilização dos recursos locais, nacionais e internacionais.


Outros projetos


Três anos após sua criação, a Fundação O Boticário lançava o Programa de Áreas Naturais Protegidas, o que representou um passou rumo à preservação de locais estratégicos e de grande importância ecológica.


O resultado do programa veio logo a seguir com a criação da Reserva Natural Salto Morato, em Guaraqueçaba, no litoral norte do Paraná. Na época com 1716 hectares, a reserva já conta hoje com 2340 hectares de Mata Atlântica. Após mais de US$ 2 milhões investidos pela Fundação O Boticário na região, Salto Morato é também um local voltado para a prática da educação ambiental, pesquisas científicas e passeios.


Há também o Programa de Incentivo à Conservação da Natureza (PICN), uma iniciativa que apóia projetos de criação, implantação e manutenção de unidades de conservação, de pesquisa e proteção de espécies e populações importantes ou em extinção. Desde que foi lançado, em 1991, o programa recebe, em média, aproximadamente 500 solicitações por ano. Todas são avaliadas e a Fundação seleciona aquelas que mais se identificam com suas propostas de conservação e proteção do meio ambiente.


Até julho de 2000, a Fundação O Boticário havia destinado cerca de US$ 4 milhões para o programa, abrangendo mais de 700 projetos em todo país, o que lhe rendeu o título de segunda instituição com maior número de projetos de biodiversidade financiados no Brasil de 1985 a 1995, segundo o Relatório Nacional para a Convenção sobre a Diversidade Biológica, do Ministério do Meio Ambiente.


"Atualmente, em número, atendemos apenas cerca de 10 a12 % da demanda de propostas qualificadas que nos são submetidas, e em valores a apenas cerca de 5 a 6% da demanda total", salienta Milano, lembrando que o Brasil precisa ampliar ainda mais as fontes de apoio à área ambiental.

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