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"Cadernos Ceris" em nova fase

Autor original: Felipe Frisch

Seção original: Novidades do Terceiro Setor






No próximo dia 21, o Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais (Ceris) vai estar lançando o primeiro caderno da nova coleção que pretende revitalizar o programa editorial da organização. Com o título "Violência, Sociedade e Cultura", a publicação traz uma análise do tema sob a ótica da teologia e especialmente das ciências sociais. Segundo o Diretor Executivo do Ceris, Luiz Alberto Gómez de Souza, o Centro pretende atrair leitores de movimentos pastorais, sociais e de universidades.


As inovações a partir dessa edição vão desde a reformulação do projeto gráfico, até as mudanças no conteúdo, que traz menos estatísticas e mais análises sociais. "A gente publicava muitas pesquisas quantitativas. Além disso, vimos que temos que caprichar na parte gráfica também", diz Gómez de Souza. Outra novidade é a parceria das editoras Paulinas, Paulus, Editora Vozes e Edições Loyola, que vai permitir que o livro seja encontrado na maioria das livrarias do país.


A primeira parte, "Violência no Brasil: Representações de um mosaico", é uma colaboração da socióloga Andréa Damacena e da cientista política Edy Arnaud. Andréa e Edy definem de uma forma bastante ampla e aprofundada o "mosaico" que dá a cara da violência no país. Para elas, são diferentes questões envolvidas, que impedem a simplificação da violência como algo ligado diretamente à criminalidade, mas sim com raízes históricas da cultura nacional. O texto é uma adaptação do relatório final da pesquisa "Reflexões sobre a violência no Brasil e suas causas", publicado pelo Ceris, em 96.


À teóloga Lucia Pedrosa de Pádua, coube a segunda parte, o texto "Evangelizar uma cultura violenta", que é uma reflexão sobre o texto e a pesquisa da primeira parte. Para a autora, a intenção foi "extrair pistas para uma ação evangelizadora que levasse em consideração condicionamentos sociológicos e culturais que perpetuam dinâmicas violentas e contribuem para a formação de uma cultura violenta". No entanto, sob uma perspectiva sociopolítica, a autora deixa o caminho aberto para o leitor extrair suas próprias pistas, derrubando as visões estigmatizantes e preconceituosas.


Essa intenção parece ser uma das primordiais dos organizadores:


- Queremos produzir textos leves, fáceis de ler, mas evitando a simplificação. A mídia simplifica muito. Diz que "violência é pobreza", ou que só acontece entre negros e jovens. É um fenômeno muito mais complexo do que se pensa – explica Gómez de Souza, responsável também pela apresentação do caderno.


O lançamento acontece na quinta-feira, dia 21, a partir das 19 horas, na Livraria do Museu da República, que fica na Rua do Catete, 153. Às 20h, haverá um debate, com as autoras e a diretora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec), Julita Lemgruber. A edição conta ainda com o apoio do Centro Alceu de Amoroso Lima para a Liberdade (CAALL). O livro será vendido a R$ 8. Para o próximo semestre, o Ceris pretende lançar mais dois volumes: um sobre "Pentecostalismo, carismáticos e comunidades eclesiais de base" e outro com o título "Trabalho com movimento popular".

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