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Trabalho dos alunos da Oficina de Reportagem vai virar livro e vídeo até o final do ano

Autor original: Marcos Lobo

Seção original: Novidades do Terceiro Setor








Assim que a equipe da RETS chegou à Casa das Artes da Mangueira, situada em uma das entradas do morro, os alunos da oficina de Reportagem estavam acabando de sair da aula.


Quando perguntado sobre o por quê da escolha daquela turma, o falante Renan Portilho, 14 anos, foi direto: "Gostaria de ser radialista esportivo, igual ao José Carlos Araújo", revela, referindo-se a um dos mais famosos radialistas do Rio. Segundo o menino, é costume em sua casa o rádio ficar ligado a manhã inteira.


Assim como Ana Paula, Renan também passava as tardes assistindo televisão em casa antes de entrar para a Oficina de Reportagem. Atualmente cursando a 8ª série, ele ainda pensa em fazer um teste vocacional na escola. "Vou fazer o teste, mas sei que gosto muito de rádio", afirma.


As aulas de Reportagem parecem ser bem agitadas. Numa eleição feita entre os próprios alunos, foram levantados quatro temas que serão aprofundados em trabalho de vídeo e texto ao longo do ano: Arte, Educação, Saúde e Família. Devido ao grande número de crianças, a turma foi dividida em grupos, cada um responsável por elaborar matérias sobre os temas escolhidos.


Dailane da Rocha Brito, 14 anos, está no grupo da Saúde. "Vamos falar de doenças e meninas que ficam grávidas muito cedo", explica. Bastante participativa, ela disse que escolheu fazer a Oficina de Reportagem porque adora ler e conversar.


"Sou muito curiosa, gosto de ler romances, jornal eu não gosto muito, não", confessa a menina, que ganhará de aniversário um computador para escrever mais textos.


Além dos assuntos mencionados por Dailane, o grupo da SAÚDE também ficará encarregado de fazer matérias sobre as condições de saneamento básico da Mangueira, AIDS, abuso sexual e a polêmica em torno das mães de leite.


Para Artes, os alunos deverão entrevistar antigos e novos artistas, consagrados ou não. A idéia é identificar o trabalho dessas pessoas na comunidade.


De acordo com a arte-educadora Sueli de Lima, o tema Família é um dos que mais chama atenção dos alunos. "Eles podem falar sobre a menina que se torna mãe muito cedo, fazer um estudo em torno da mulher ou falar sobre o papel dos homens na família", exemplifica.


Já quando o assunto é educação, os alunos vão escrever sobre discriminação racial, fazendo uma comparação entre o que diz o Estatuto da Criança e do Adolescente e a realidade vivida na Mangueira, além de abordar o trabalho infantil e o problema das crianças fora da sala de aula.


"O que buscamos é dar voz às crianças e moradores da Mangueira", conclui Sueli, lembrando que todo o material servirá de base para o lançamento de um livro e um vídeo ainda este ano.

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