Autor original: Fausto Rêgo
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A chamada não-oficial feita recentemente pelo Grupo de Trabalho de Universalização de Acesso do SOCINFO para o projeto Telecomunidades/Bibliotecas obteve uma resposta, por parte das ONGs, menor que a desejada. Falta maior divulgação, segundo a secretária-executiva da Comunitas, Thereza Lobo. Ela conversou com a RETS sobre o projeto, destacou as ações da Comunitas e deixou um alerta: "É fundamental que sejam levantadas e aproximadas outras iniciativas, em particular oriundas do setor privado".
Para Thereza Lobo, houve um avanço significativo com a preparação do Livro Verde, documento que traça um panorama sobre a Sociedade da Informação no Brasil. "As possibilidades são inúmeras", afirma. "Cabe fazê-las acontecer com criatividade, ousadia e respeito à diversidade dos mundos que se devem articular".
Rets – De que maneira a Comunitas vem se preparando para participar do projeto Telecomunidades/Bibliotecas?
Thereza Lobo – A Comunitas vem se organizando para definir os diferentes tipos de projetos que deverá apresentar, assim como para encaminhar as diferentes parcerias para a sua execução.
Rets – Que análise a senhora faz do projeto, das suas possibilidades e dos resultados obtidos até o momento?
Thereza Lobo – Acredito que um grande passo já está sendo dado, se se leva em conta a preparação do Livro Verde sobre o Programa Sociedade da Informação. As possibilidades são inúmeras, cabe fazê-las acontecer com criatividade, ousadia e respeito à diversidade dos mundos que se devem articular.
Rets – No mês passado, o Grupo de Trabalho de Universalização de Acesso do Socinfo fez, através da Rets, uma chamada não-oficial às organizações da sociedade civil interessadas em obter recursos do FUST. A resposta, no entanto, foi menor que a desejada. A senhora acredita que o projeto esteja sendo pouco divulgado ou que sua importância tenha sido subdimensionada pelas ONGs?
Thereza Lobo – Da pouca divulgação não tenho dúvida. Não acredito na subdimensão. A Rets e outros meios eletrônicos são muito importantes, mas nunca suficientes. Afinal, as comunidades que queremos atingir não têm acesso à forma privilegiada de divulgação. Outros meios devem ser usados e imediatamente.
Rets – As dúvidas mais comuns, até o momento, dizem respeito à necessidade de que as organizações beneficiadas sejam OSCIPs, como está previsto na legislação do FUST. A senhora acredita que essa exigência poderá ser um obstáculo?
Thereza Lobo – Não. As formas até então pensadas de modular o atendimento previnem possíveis problemas de engarrafamento burocrático, seja para o governo ou para as OSCs.
Rets – No atual contexto brasileiro, há quem considere a inclusão digital uma necessidade secundária, se comparada à educação básica e ao combate à fome e à miséria. Como a senhora avalia este posicionamento? De que forma essas ações se complementam?
Thereza Lobo – A inclusão digital é parte integrante e inseparável das questões da educação e do combate à exclusão. Espera-se ardentemente que "vanguardas do atraso" reflitam bastante antes de se opor à entrada dos excluídos nesse processo.
Rets – A senhora acredita que a democratização do acesso à Internet seja um elemento-chave para a transformação social?
Thereza Lobo – Não há transformação social sem que sejam dados instrumentos de mudança a quem deles se encontram apartados. O acesso à Internet é um dos mais importantes.
Rets – Como a Comunitas pretende obter recursos para a manutenção do projeto, uma vez que a verba do FUST será destinada para os passos iniciais: a aquisição de equipamentos e a implantação da conectividade?
Thereza Lobo – A Comunitas vai entrar em parcerias com outras entidades, como parte da estratégia de execução e manutenção dos projetos. Por outro lado, entende-se que recursos vão além do financeiro, e recursos humanos, técnicos e materiais poderão em muito contribuir para a sustentabilidade. Há que lembrar, ainda, que parte importante dos projetos deverá ser dedicada à busca de sustentabilidade própria das organizações envolvidas. Essa é uma característica dos Programas da Comunidade Solidária que será herdada e a Comunitas pretende dar continuidade.
Rets – O projeto Telecomunidades/Bibliotecas é, sem dúvida, um passo importante para a universalização do acesso. Mas que outras iniciativas devem se seguir, de modo que esse trabalho não se torne um esforço
isolado?
Thereza Lobo – A meu juízo, deve-se buscar urgente a articulação orgânica com as outras áreas do FUST, saúde e educação. Ao mesmo tempo, é fundamental que sejam levantadas e aproximadas outras iniciativas que vêm sendo encaminhadas, em particular oriundas do setor privado.
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