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Todo cuidado é pouco com as crianças

Autor original: Daniela Muzi

Seção original: Novidades do Terceiro Setor








No dia 29 de junho foi lançada a Ong Criança Segura no auditório do Museu Brasileiro de Esculturas (Mube), em São Paulo. A instituição faz parte da rede Safe Kids Worldwide, uma rede internacional de programas que nasceu no Estados Unidos, comprometida em evitar os chamados acidentes não-intencionais - causados por motivos externos, alguns previsíveis, portanto evitáveis mediante precaução - em crianças e adolescentes de até 14 anos. Com a proposta de salvar a vida de uma criança a cada dia, a ONG Criança Segura - que está presente nos cinco continentes - se instala no Brasil.


A Criança Segura é primeira instituição nacional a se dedicar à prevenção contra esse tipo de acidente e conta com a parceria de empresas como a General Motors do Brasil e o grupo Johnson & Johnson. A partir do segundo semestre deste ano contará também com a parceria da FedEX. Essas empresas são as responsáveis pela infra-estrutura do programa em São Paulo, Curitiba e Recife (três cidades onde o projeto será instalado inicialmente), alem de fornecerem apoio técnico e logístico.


Na cerimônia de inauguração, as pessoas ouviram o depoimento emocionado de Vera, mãe de Jessica - menina que sofreu um acidente com um ano e meio de idade. A mãe contou que Jessica estava em casa com o irmão mais velho, que começou a brincar com álcool e fez uma fogueira no lado de fora da casa. A menina se molhou com o pouco de álcool restante (bem menos que meia embalagem pequena), se aproximou da fogueira e o fogo alastrou-se por seu corpo. A menina teve quase 70% do corpo queimado com queimaduras de 3ºgrau (as mais profundas). Passou por diversas cirurgias e tratamentos. Hoje com seis anos, Jessica apresenta seqüelas irreversíveis por todo o corpo. "Caso soubesse do risco e danos que um pouquinho de álcool poderia causar, eu jamais teria deixado o produto ao alcance das crianças", Vera contou arrependida. Hoje, garrafas de álcool não entram mais na casa de Vera e os seus vizinhos passaram a tomar grande cuidado com produtos de limpeza em geral.


Segundo dados do Ministério da Saúde as lesões não-intencionais são a principal causa de mortes de crianças de 1 a 14 anos no Brasil. Conforme as crianças vão ficando mais velhas, o número de mortes devido a esses acidentes aumenta. Na faixa etária de 1 a 4 anos, 17% de todas as mortes são devido a acidentes. Na faixa etária de 5 a 9 anos, este número sobe para 38%. Em crianças na faixa etária entre 10 e 14 anos, os números assustam. 46% de todas as mortes são causadas por acidentes - mais que doenças do aparelho respiratório (16%), tumores (10%) e doenças infeciosas (5%) juntas. As estatísticas são um dos pricipais motivos da vinda da ong para o Brasil.


Entre as lesões por causas externas estão incluídos afogamento - ocorridos nas praias, piscinas, banheiras, rios e represas. Quando as crianças são menores podem também acontecer em vasos sanitários, baldes, tanques e bacias de lavar roupa, atropelamentos. Outros acidentes são causados por veículos motorizados, sufocamento, quedas, queimaduras, envenenamento e armas de fogo. Para se ter idéia, em 1999, foram registrados 7.467 mortes de crianças com menos de 14 anos. A causa mais frequente foi afogamento - que matou 1.594 crianças.


A mesma pesquisa revela que as regiões Nordeste, Sudeste e Sul apresentam maior índice de mortes por causas externas. "Ciente destes estes dados, o Dr. Martin Eichelberger, Presidente do SafeKids USA, mantinha contatos regulares com cirurgiões pediátricos de São Paulo, Curitiba e Recife - cidades onde a ong está atuando. Assim, foram desenvolvidas as oportunidades para iniciarmos o programa O plano é expandir por todo o território nacional. Estamos estudando como faremos esta expansão, pois queremos que o modelo Criança Segura seja consistente e mantenha a mesma qualidade e seriedade em todas as cidades envolvidas" conta Luciana O'Reilly, Coordenadora Administrativa Nacional da ong Criança Segura.


Cada uma das três cidades possui um grupo de trabalho, as coligações, que são formadas por representantes da comunidade tais como médicos, pediatras, bombeiros, profissionais do trânsito, educação e saúde, além de voluntários. As coligações serão responsáveis pelo estudo e desenvolvimento de estratégias de ação a fim de multiplicar as mensagens de prevenção. Luciana explica que o envolvimento deste grupo é imprescindível para o sucesso do programa: "Cada cidade tem realizado atividades locais que atendem às necessidades específicas de suas comunidades. Por exemplo: em Recife, ações de segurança no trânsito já foram realizadas juntamente com o Departamento de Trânsito da cidade e com a Associação de Moradores de Brasília Teimosa, comunidade carente da região. Em Curitiba, o projeto de educação no trânsito - que envolve escolas públicas - já está em desenvolvimento. Em São Paulo, também estamos desenvolvendo junto com outras instituições, ações de prevenção dentro de comunidades carentes."


A coordenadora conta os planos da organização no Brasil. "Nosso objetivo é atingir o maior número possível de crianças. Para que isso aconteça, serão criados programas de impacto nacional envolvendo cada patrocinador, para que possamos atingir as famílias com mensagens focadas em determinadas áreas de risco", adianta Luciana .


As pessoas e escolas interessadas em entrar em contato com a ONG Criança Segura para mais informações podem acessar o site da instituição.

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