Autor original: Marcos Lobo
Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor
O dia 22 de julho, não será um domingo qualquer na vida de 12 universitários brasileiros. É nesse dia que eles embarcarão para uma experiência pouco comum a jovens de sua idade.
A missão dos universitários é contribuir para a reconstrução de Moçambique, país africano de língua portuguesa que ainda hoje mantém vivas as marcas de uma sangrenta guerra civil que já vitimou mais de 1 milhão de pessoas desde 1975, ano de sua independência.
Para Luís Batista dos Santos, 38, aluno do último ano de Direito na Unigranrio, em Duque de Caxias (RJ), a intenção do grupo é trocar conhecimentos com os estudantes moçambicanos.
"Queremos compartilhar as mudanças que o país deles está sofrendo. É um projeto muito bonito", diz.
As mudanças a que Santos se refere envolvem desde a recuperação de escolas e hospitais até a própria noção de cidadania.
"Vamos dar aulas de educação ambiental, tentando ajudar o país a preservar o meio ambiente, a agricultura", acrescenta Marshal Biscaino, 26, recém-formado em Agronomia pela UFRS. Após ter participado de um trabalho do Unisol em Porto Alegre (RS), Biscaino foi convidado a integrar a equipe que vai a Moçambique na próxima semana. Perguntado sobre a expectativa da viagem, ele se diz preparado.
"Contamos com a ajuda de mais três colegas moçambicanos. Eles já nos falaram um pouco sobre a cultura do país", afirma.
A viagem dos 12 universitários a Moçambique é uma experiência inédita e faz parte do "Projeto Unisol e Mala de Leitura", que também conta com o apoio do governo moçambicano e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
"Queremos mostrar como funciona o Unisol, além, é claro, de capacitar os estudantes moçambicanos para que sejam multiplicadores do nosso programa", explica Dyacy Moreira, coordenadora técnica do Unisol. Segundo ela, a maior preocupação dos seus idealizadores é adequar as características do projeto à realidade de Moçambique.
Com uma população de 17,4 milhões de habitantes, Moçambique aparece na 169º posição no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano. Após 16 anos de guerra civil, travada entre a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique, no poder) e a Renamo (Resistência Nacional Moçambicana, apoiada pela África do Sul), o país conseguiu registrar três anos consecutivos de crescimento acima de 10%.
No entanto, as enchentes provocadas pelas fortes chuvas no início do ano passado serviram de alerta para as autoridades de Moçambique. Na ocasião, mais de 650 mil pessoas ficaram desabrigadas, o que levou o Programa Mundial de Alimentação das Nações Unidas (PMA) a recomendar uma ajuda de US$ 34 milhões para o país africano. Hoje, Moçambique possui uma dívida de US$ 8 bilhões com países ocidentais.
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