Autor original: Daniela Muzi
Seção original: Serviços de interesse para o terceiro setor
Acessibilidade (Lat. accessibilitate), s.f. qualidade de ser acessível. Acessível adj. a que se pode chegar facilmente; que fica ao alcance. Possibilidade de acesso (ONU) processo de conseguir a igualdade de oportunidades em todas as esferas da sociedade.
Fonte: http://www.prodam.sp.gov.br/acess/acess.htm
Por levar a sério o significado da palavra acessibilidade é que a Faculdade de Saúde Pública da USP promoverá nos dias 28 e 29 de agosto o seminário "Acessibilidade, Tecnologia de Informação e Inclusão Digital" (ATIID), que acontece na própria faculdade. Os organizadores do evento partem da premissa que a construção de uma sociedade democrática passa pela possibilidade de os vários setores da população terem acesso e conhecimento para utilizarem as tecnologias da informação. Segundo Ana Isabel Paraguay, coordenadora do evento, a realização do seminário é uma forma de contribuir para que a cultura da acessibilidade universal faça cada vez mais parte da realidade dos brasileiros. Também é uma forma de divulgar os trabalhos já produzidos nesta área, para promover a troca de informações. "Estabelecer a discussão sobre a acessibilidade já é um grande passo. Há muitas pesquisas sobre o acesso aos recursos das tecnologias de informação, mas falta o devido impacto e apropriação destes dados. As pessoas querem saber mais, mas não há tanta facilidade de contatos e divulgação - até entre os pesquisadores", justifica Ana Isabel - que é ergonomista, docente e pesquisadora da Faculdade de Saúde Pública da USP.
O evento também pretende contribuir para a adoção e avaliação de políticas e programas de integração na Sociedade da Informação e incentivar atividades de pesquisa, ensino, prestação de serviços. Com isso, espera sensibilizar o público envolvido com o tema para a produção de novas tecnologias, produtos, sistemas e serviços adequados e de apoio aos cidadãos com deficiências físicas, visuais, auditivas, mentais - a fim de que todos possam usufruir das potencialidades das chamadas novas tecnologias. Apresentações orais e pôsteres irão mostrar aos participantes o que já se tem feito com o propósito de auxiliar os portadores de deficiência nas áreas de ensino, serviços e inclusão digital.
Leis e normas referentes a acessibilidade virtual já foram criadas e implantadas na Europa e Estados Unidos, mas, como Ana Isabel enfatiza, "a legislação brasileira ainda é pouca - e pouco conhecida".
"O indivíduo portador de deficiência enfrenta várias dificuldades para ter acesso à informação. Primeiro, é difícil ele ter acesso físico a um computador; depois, o lugar de instalação do computador precisa estar adaptado às suas necessidades e, em terceiro lugar, é necessário que o site que ele deseja consultar seja construído segundo as regras de acessibilidade virtual", analisa Marta Gil, gerente da Rede Saci, uma das organizações que estarão presentes no seminário divulgando seus projetos e o resultado de seu trabalho nesta área.
Portugal é quarto país no mundo – seguido pelos Estados Unidos, Canadá e Austrália - a adotar regras de acessibilidade com o objetivo de facilitar o uso da Internet para pessoas com necessidades especiais e idosos. Um motivo de inquietação para Ana Isabel é saber que o Brasil ainda não evoluiu neste sentido. Para ela, um dos maiores problemas é a pouca presença das universidades neste debate sobre acessibilidade. Segundo ela, as universidades deveriam ser muito mais ativas na questão do acesso à informação, educação e conhecimento de maneira universal, mas não estão sistematicamente envolvidas com a causa. "Por exemplo, várias universidades já possuem bibliotecas com busca ou até o acervo parcialmente on-line, mas é necessário que os sites sejam acessíveis - que se disponibilizem navegadores de texto, sintetizadores de vozes, permitindo assim o acesso dos deficientes visuais, principalmente. As universidades têm o dever de dar condições aos alunos portadores de deficiências de se informarem e terem acesso ao saber. As empresas e organizações não governamentais têm investido e mostrado muito mais interesse nisso do que as próprias universidades", critica Ana Isabel.
Governo, universidades e a sociedade civil organizada estarão presentes no evento, divulgando exemplos de práticas bem sucedidas e suas soluções projetuais consolidadas. O seminário acontece das 13h30 às 20h30, na Faculdade de Saúde Pública da USP, que fica na Avenida Doutor Arnaldo, 715, Cerqueira César, de São Paulo. Os interessados em participar devem fazer uma pré-inscrição através do site do próprio evento www.fsp.usp.br/acessibilidade/. Vale lembrar que o local do seminário foi recentemente adaptado - através de reformas em suas instalações -- para receber portadores de deficiências de locomoção. Durante o seminário também haverá intérprete na linguagem de libras.
O valor da inscrição é de R$ 400 para pessoas jurídicas, R$ 200 para profissionais e R$ 50 para estudantes até o dia 30 de julho. Após esta data, o valor da taxa de inscrição muda para R$ 500, R$ 250 e R$ 75 respectivamente. São isentos da taxa de inscrição autores de trabalhos aceitos para apresentação oral ou pôster, representantes oficiais de organizações com trabalhos em acessibilidade e docentes, estudantes e funcionários da USP. Mais informações podem ser obtidas pelos faxes (11) 3081-9001 e (11) 3085-0681 ou pelo correio eletrônico acessibilidade@fsp.usp.br.
A programação completa do evento será divulgada no site a partir do dia 6 de agosto. Após o seminário serão disponibilizados o resumo dos trabalhos apresentados. O site do evento continuará ativo, com informações sobre a temática do evento, bem como uma série de links para programas, projetos e iniciativas bem sucedidas de acessibilidade e inclusão digital.
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