Autor original: Marcos Lobo
Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor
O compromisso social é, segundo Amyra El Khalili, a grande vantagem do projeto, que obedece a um modelo piramidal: no topo estão os excluídos, que, de acordo com a economista, podem ser pessoas desempregadas, sem-teto, sem-terra, presos etc. À direita aparece o mercado financeiro; à esquerda, o meio ambiente.
Na sua interpretação, Amyra afirma que "somente o próprio ser humano será capaz de unir mercado e natureza, gerando riqueza e renda". Em contrapartida, ela também cita o modelo piramidal tradicional, em que o mercado financeiro é que ocupa o topo da pirâmide, tendo a indústria e a agricultura à sua esquerda e o trabalhador à sua direita.
"Conheço o mercado e sei que ele comanda tudo. Ele dita até mesmo aquilo que tenho que produzir e ainda nos pressiona a consumir cada vez mais", observa.
Assim como ocorre com a commodity tradicional, o produto, para se tornar uma commodity ambiental, também deverá passar por uma bateria de exigências para sua comercialização. E, para isso, não basta apenas retirar de qualquer maneira frutas ou plantas do seu habitat natural e vendê-las por aí.
De acordo com o projeto, os produtos deverão ser retirados em condições sustentáveis. No caso da água mineral, a empresa deverá contribuir para a conservação dos rios e mananciais onde desenvolve suas atividades. Mesmo exigindo um custo mais elevado – e, portanto, com um preço mais alto do que a média –, Amyra acredita que haverá compradores dispostos a pagar pelo novo produto.
Os CTAs
Hoje, o programa para a criação da Bolsa Brasileira de Commodities Ambientais ainda está em fase de discussão de idéias. "Estamos mapeando todos os estados, fundando fóruns de debates para chegarmos a um produto de commodity ambiental", explica Amyra.
Para ela, conversar com a comunidade sobre os problemas e necessidades locais é fundamental para que o projeto dê certo. "Quando fazemos as coisas sem consultá-los, acaba não dando certo. Queremos discutir com a participação de todos".
Para o futuro, atrair a atenção das empresas será o grande desafio para a consolidação do projeto no país.
De acordo com Amyra, grandes marcas de refrigerante, por exemplo, "certamente irão se interessar em vender para esse novo mercado que irá surgir, formado por pessoas que antes não tinham como consumir seus produtos". A fórmula para que isso ocorra não é complicada, na opinião da economista.
"A empresa passa a comprar insumo de commodites ambientais como a água, por exemplo, garantindo a preservação do ecossistema local", resume.
Para garantir o equilíbrio nas negociações entre grandes empresas do mercado e cooperativas de agricultores responsáveis pelo cultivo das matérias-primas, o projeto já conta com o apoio da Rede CTA, sigla em inglês para Consultant, Trader and Adviser.
"É uma organização não-governamental que ajuda a comunidade a realizar programas como captação de recursos e presta assessoria a quem ainda não conhece bem o sistema", explica.
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