Autor original: Marcos Lobo
Seção original: Novidades do Terceiro Setor
Um programa que visa a levar uma mensagem de paz para cerca de 70 mil estudantes de toda a região metropolitana do Recife (PE). Essa é a proposta do "Ciranda da Paz", um projeto firmado no último dia 13 de agosto entre o Movimento Tortura Nunca Mais e o Governo Federal para diminuir os altos índices de violência registrados em escolas públicas e privadas do Grande Recife. Como parceiros no projeto, também estão a Secretaria de Educação da Região Metropolitana do Recife, a Secretaria de Justiça e Cidadania de Pernambuco, a Secretaria de Defesa Social e a UNESCO.
Segundo a representante regional do Movimento Tortura Nunca Mais, Amparo Araújo, o "Ciranda da Paz", apesar de ter sido assinado somente este mês, já existe no papel desde de 1999. "Naquela época, um grupo de estudos foi formado por pessoas da Universidade de Brasília (Unb) e CNTE para estudar o nível de violência em escolas de várias capitais brasileiras", recorda Amparo. "O que mais nos impressionou foi o alto índice de violência registrado nas escolas da Grande Recife", revela.
Os resultados das pesquisas feitas pelo grupo comprovam a decadência econômica da região e apontam o crescimento da violência como a conseqüência direta do empobrecimento da população local. "As questões culturais e econômicas são os principais agravantes", ressalta Amparo. A sensibilização para a gravidade do tema foi nacional e envolveu, ao longo de todo o ano 2000, representantes de outros Estados brasileiros na busca por soluções.
Em Pernambuco, berço do projeto, os organizadores realizaram um encontro na Prefeitura do Recife no início do ano quando discutiram a forma como o "Ciranda da Paz" seria implementado. "Realizamos conferências e seminários e ainda produzimos um curso de elaboração de projetos, que são de responsabilidade de cada cidade. A idéia é montar uma grande rede de relações sociais entre elas", explica.
Atividades
Caminhadas, gincanas, peças de teatro e aulas de capacitação para policiais, professores e estudantes. Essas são algumas das atividades que o "Ciranda da Paz" planeja levar para a Grande Recife. De acordo com a organização do projeto, a expectativa é contar com a participação de alunos de várias faixas etárias: desde de crianças do ensino fundamental até jovens que estejam cursando o 2º grau.
Além de revelar o empobrecimento da região, as pesquisas preliminares do "Ciranda da Paz" trouxeram à tona um problema restrito às quatro paredes de uma casa: o alto índice de abuso infantil, dentro das famílias. "É por isso que pretendemos fazer com que os próprios professores identifiquem os casos e os reportem à direção do programa", explica Amparo Araújo. "Além disso, o projeto também irá atrair os pais dos alunos para as atividades", conclui.
Com um apoio financeiro orçado em R$ 399.719, o "Ciranda da Paz" planeja atender a mais de 800 instituições de ensino de toda a região metropolitana, formada por 14 municípios. Os cálculos foram feitos pelas próprias prefeituras, que fizeram um estudo sobre suas necessidades locais. Perguntada se o dinheiro seria suficiente, Amparo foi direta:
"Para resolver o problema da violência, o dinheiro não é suficiente. No entanto, ele serve para que o projeto seja implementado", afirma.
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