Autor original: Felipe Frisch
Seção original: Novidades do Terceiro Setor
Se o capitalismo é bastante responsável pelo desgaste ecológico de paraísos naturais como a Mata Atlântica brasileira, os ambientalistas agora dão o troco na mesma moeda: usam suas marcas para comercializar produtos, defender e divulgar suas causas, além de – é claro – ajudar a financiar suas campanhas. A estratégia agora também faz parte da agenda da Fundação SOS Mata Atlântica – que passa a comercializar produtos, utilizando matéria-prima ecologicamente correta, dentro do possível.
Chamando os futuros consumidores para a idéia “Faça parte da paisagem”, essa não é a primeira vez que a fundação utiliza o conceito que já é utilizado há anos por organizações internacionais como WWF e Greenpeace. A SOS já vendeu ou deu suas camisetas para os associados como brinde, mas “amadoristicamente”, como define o Diretor Administrativo e Financeiro, Adauto Basílio. Apesar do "amadorismo", ele comprova: a marca foi fortalecida ao longo desses anos.
A razão do nome escolhido para o projeto explica a iniciativa. Fazer parte da paisagem significa também plantar uma árvore a cada R$ 30 gastos em compras – num casaco de moletom ou em duas camisetas, por exemplo. Em cada compra feita, o consumidor recebe a informação de quantas árvores – ou fração de árvore – serão plantadas na Mata Atlântica com o valor gasto. No futuro, assegura Adauto, “será possível ao comprador acompanhar o crescimento da sua árvore”. Além da contribuição para o plantio de árvores, 10% do valor da compra serão pagos à organização, na forma de royalties pelo uso da marca SOS Mata Atlântica. Estes recursos serão destinados ao desenvolvimento de seus projetos.
Adauto explica que a SOS não tem mais a ambição de ter lojas, como já tentou fazer há alguns anos dentro da própria sede, sem sucesso. Os produtos com a bandeira do Brasil com o verde das matas semi-destruído – logomarca da SOS Mata Atlântica – hoje são vendidos pelo site da fundação, em um estande montado no Shopping Internacional de Guarulhos, ou ainda pelo telefone (11) 6949-8448/6951-6690. O espaço ocupado no shopping foi cedido temporariamente pela administração do local. O objetivo da fundação é conquistar o maior número de pontos de venda dentro de outros espaços comerciais pelo país, “do contrário, perdemos o conceito de estar divulgando para o país inteiro”, diz, lembrando que o mais importante nesta iniciativa é a defesa do conceito que está por trás da marca: a preservação do meio ambiente.
Além de peças de vestuário, fazem parte do primeiro catálogo de produtos da fundação: porta-CDs e agendas de couro sintético e papel reciclado. Outros produtos serão lançados nos próximos meses. Adauto explica que as empresas e ONGs que desejarem formar parcerias e imprimir suas marcas nos produtos como apoiadoras podem entrar em contato. Interessados em sediar pontos de venda dentro de suas lojas também são bem-vindos.
As empresas patrocinadoras do “Faça parte da paisagem” são a Pejon (especializada em material sintético de couro) e Santana Screen (fábrica de malhas e estamparia). Ambas são responsáveis pela produção das mercadorias e também por financiar o plantio das árvores – que serão cultivadas em viveiros dentro de educandários como o Santa Terezinha, que fica na periferia de São Paulo e é parceiro da SOS Mata Atlântica.
Apesar dos esforços, a produção 100% ecologicamente correta ainda tem limitações na aceitação por parte do consumidor. Um motivo apontado pelo diretor administrativo é o conforto. Segundo ele, muita coisa ainda é só “bonita para falar”, como camisetas feitas de fios de PET (sim, o plástico de garrafas reciclado). Adauto revela que as camisetas são “lindíssimas”, mas impossíveis de usar no nosso clima.
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