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Lideranças de mulheres discutem o futuro do planeta

Autor original: Mariana Loiola

Seção original: Serviços de interesse para o terceiro setor





A Rede de Desenvolvimento Humano (Redeh), em parceria com a Women’s Environment & Development Organization (Wedo) e outras organizações de mulheres e ONGs de diversas partes do mundo, está empreendendo uma reunião com lideranças de mulheres no Brasil e na América Latina. A Reunião de Consulta para a Agenda 21 das Mulheres tem como objetivo recolher a contribuição das mulheres da região para a Rio + 10.

A Rio+10, ou Conferência Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável 2002, está programada para setembro do próximo ano, em Joanesburgo, na África do Sul, e vai revisar o progresso alcançado nos últimos dez anos na implementação dos compromissos assumidos na Agenda 21. Elaborada em 1992 na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (ECO 92), no Rio de Janeiro, a Agenda 21 é um programa de ação para implementar um modelo de desenvolvimento sustentável, que envolva todos os setores da sociedade no trabalho de proteger e recuperar o meio ambiente, garantir segurança econômica e promover a igualdade social. O modelo de desenvolvimento sustentável se baseia na idéia de que o desenvolvimento econômico deve ser planejado tendo em vista a preservação dos ecossistemas e as questões sociais. A Rio + 10 vai avaliar os avanços e os retrocessos na efetivação desse programa e lançar novas perspectivas para os próximos anos.

Anteriormente à ECO 92, a Wedo organizou o I Congresso Mundial das Mulheres para um Planeta Saudável, onde 1.500 mulheres de 83 países formularam e adotaram sua própria plataforma – a Agenda de Ação das Mulheres – que influenciou diretamente a elaboração do Capítulo 24 da Agenda 21 - Ação Global das Mulheres para um Desenvolvimento Sustentável e com Igualdade - que propõe ações para fortalecer o papel feminino na implementação de políticas públicas.

A participação de lideranças de mulheres na ECO 92 mostrou a eficiência de sua estratégia de mobilização e articulação em redes, e confirmou a necessidade de incluir a experiência e a visão das mulheres nos processos decisórios para que se alcance o desenvolvimento sustentável. É uma questão ética, já que as mulheres são, pelo menos, a metade da população mundial, como lembra Thais Corral, secretária executiva da Redeh. “As mulheres não participaram das decisões que geraram os problemas que enfrentamos hoje. É importante que as mulheres tenham voz, que suas ações se tornem visíveis através da política e da informação. Elas podem ajudar a mudar esse cenário.” Além disso, as questões ambientais têm implicação direta no cotidiano e grande impacto na vida da mulher. “Os grandes problemas econômicos e ambientais afetam a vida doméstica, a saúde e a sobrevivência das famílias”, acrescenta Thais.


A participação no processo preparatório para a Agenda 21 de Ação das Mulheres para um Planeta Saudável 2002 é uma grande oportunidade para as mulheres do mundo inteiro defenderem os seus direitos. A ECO 92 foi importante para fazer a sociedade debater problemas atuais e tomar consciência da necessidade de mudanças. Apesar dessa consciência, Thais Corral acha que, nesses últimos dez anos, não houve muitos avanços na implementação de políticas públicas para solucionar esses problemas, e que a participação significativa das mulheres nos processos decisórios também não é ainda uma realidade. “Mesmo com uma presença maior de mulheres nas lideranças, os resultados ainda são muito pequenos”, diz.


A reunião de consulta às mulheres, que será realizada nos dias 19 e 20 de outubro, no Instituto Brasileiro de Administração Municipal (Ibam), no Rio de Janeiro, vai selecionar propostas para serem apresentadas aos chefes de Estado, representantes de agências internacionais e ONGs presentes à Rio + 10. Através de workshops, as participantes vão discutir e elaborar estratégias para políticas públicas relacionadas a questões como proteção ao meio ambiente, violência, saúde reprodutiva, educação, acesso à informação, entre outras.

Para participar da Reunião de Consulta para a Agenda 21 das Mulheres, basta solicitar uma ficha de inscrição através do e-mail redeh@redeh.org.br ou pelo telefone 2262-1704.

Thais espera que a revisão da Agenda 21, em Joanesburgo, apresente “desafios mais afinados com a realidade”. Com o processo de globalização, aumentou a urgência de se resolver determinadas questões como a segurança e as mudanças climáticas. “O cenário do mundo mudou, a prioridade das estratégias também tem que mudar”, conclui.

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