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A ‘America’s new war’ e o recrudescimento do velho estatismo

Autor original: Graciela Baroni Selaimen

Seção original: Breves artigos com opiniões sobre temas relacionados com o Terceiro Setor

É preciso ver, todavia, que nossos novos líderes espirituais não são mais, necessariamente, os tradicionais líderes políticos nacionalistas ou religiosos. São aqueles que – como Tenzin Giatso – se reconhecem como humanos, comprometidos com a realização da humanidade ou com a humanização do mundo, antes de serem tibetanos, americanos, palestinos ou israelenses e antes de serem budistas, cristãos, muçulmanos ou judeus.


Nossos novos líderes espirituais devem ser líderes éticos, que ajam a partir de uma ética de solidariedade, porque solidariedade planetária é o novo nome da espiritualidade.


Aqueles que se sentem responsáveis, que sabem que todos somos responsáveis por tudo; aqueles que tentam viver de acordo com o objetivo; aqueles que sabem que os meios devem ser tão dignos quanto os fins e que agem em conformidade com isso; aqueles que não deixam as coisas fundamentais para depois porque sabem que o que não for feito aqui-e-agora não cria um outro estado do mundo; todos aqueles, que são todos estes seres humanos iguais a nós e com os quais convivemos – que podem ser exatamente como eu sou e como você é –, são os líderes espirituais de que o mundo precisa hoje. Ou seja, o mundo precisa de todos nós.


Então todos nós, assumindo nosso papel de liderança espiritual, devemos dizer que não aceitamos mais a guerra. Porque estar em guerra é, simultaneamente, colocar a vida em risco e atentar contra a vida alheia, restringir a própria liberdade e ameaçar a liberdade do outro, sofrer e infligir sofrimentos aos semelhantes. Não é uma coisa muito inteligente, convenhamos. Pior do que isso, porém: é a coisa mais anti-ética que se pode fazer.


Igualmente devemos dizer, em todos os lugares e em todas as ocasiões, o que queremos daqui para a frente. Queremos que as idéias-valores fundamentais continuem se universalizando. A lista de nossas exigências éticas não é grande. As idéias-valores que estão se universalizando no planeta são apenas algumas poucas e seminais idéias humanizantes, não mais do que três: (i) não atentar contra a vida; (ii) não restringir a liberdade; e (iii) não infligir deliberadamente sofrimentos aos semelhantes. Bastaria isso para salvar o mundo, mas talvez alguém possa dizer que seria pedir demais, porque seria querer salvar o mundo de nós mesmos.


Os democratas, entretanto, não podemos nos conformar com isso.


Brasília, 17 de setembro de 2001.


(1) Schmookler, Andrew Bard (1990). “O reconhecimento de nossa cisão interior” in Zweig Connie & Abrams, Jeremiah (orgs.)(1991). “Ao Encontro da Sombra: o potencial oculto do lado escuro da natureza humana”, Cultrix, São Paulo, 1994; p. 202.


(2) Pfaff, William (2001). “Três lições para os EUA”, El País, 14 de setembro de 2001.


(3) Maturana, Humberto (1985a). “Biología del fenómeno socialin Maturana, Humberto (1985). “Desde la Biología a la Psicología”, Editorial Universitária, Tercera Edición, Santiago de Chile, 1996.


*Augusto de Franco é Coordenador Geral da AED – Agência para a Educação e o Desenvolvimento.

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