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Criado o Conselho Brasileiro de Manejo Florestal

Autor original: Mariana Loiola

Seção original: Novidades do Terceiro Setor

Fundado no último dia 18, o Conselho Brasileiro de Manejo Florestal (CBMF) é uma organização não-governamental sem fins lucrativos, vinculada ao Forest Stewardship Council (FSC), uma entidade internacional independente sediada no México. A nova organização tem por missão promover no país a certificação florestal do FSC.


O FSC é o resultado de uma iniciativa para a conservação ambiental e desenvolvimento sustentável de florestas das mais significativas em termos mundiais, surgida na década de 1990. Envolve ambientalistas, pesquisadores, engenheiros florestais, empresários da indústria e comércio de produtos de origem florestal, trabalhadores, comunidades indígenas e outros povos da floresta, e instituições certificadoras de 34 países. O objetivo do FSC é promover o manejo das florestas do mundo de forma ambientalmente adequada, socialmente justa e economicamente viável. Isso é feito através do estabelecimento de um padrão mundial de princípios de manejo florestal. Assim, os benefícios são ambientais, pois a certificação contribui para a conservação da biodiversidade; sociais, pois promove o respeito aos direitos dos trabalhadores, povos indígenas e comunidades locais; e econômicos, pois melhora a imagem pública do proprietário.


No mundo, as florestas certificadas somam 24 milhões de hectares e há mais de 20 mil produtos com selo FSC. A certificação é feita por organizações especializadas credenciadas e monitoradas pelo FSC. As certificadoras fazem a auditoria conforme os princípios e critérios do FSC. Além desses princípios e critérios, existem também padrões nacionais ou regionais, que traduzem esses critérios para os diversos tipos de floresta e a realidade local. No Brasil, existem hoje 870.511 hectares de florestas certificadas, desde o estado do Amazonas até o Rio Grande do Sul, e mais de 100 produtos com o selo FSC.


Presente no Brasil há cinco anos, o FSC era promovido no Brasil por um grupo de trabalho coordenado pelo WWF-Brasil. Segundo Walter Suiter, secretário-executivo desse grupo de trabalho, a criação de uma entidade independente era necessária para garantir a autonomia e imprimir mais agilidade na promoção da certificação florestal no país. “O movimento foi se desenvolvendo e cresceu a ponto de não caber mais dentro de uma organização apenas como um projeto”, explica.


Na mesma assembléia que fundou o CBMF, foram aprovados os padrões brasileiros para a certificação da Floresta Amazônica de terra firme. Fazem parte do Conselho Diretor da nova entidade representantes do WWF-Brasil, do Greenpeace, da Rede Mata Atlântica, do Vitae Civilis, da Organização dos Seringueiros de Rondônia, entre outros.


A expectativa é de que as áreas certificadas e o número de produtos provenientes dessas áreas aumentem no Brasil, o que, segundo Walter Suiter, vai melhorar a imagem do país perante a comunidade internacional e os próprios brasileiros. “Há uma crença de que as autoridades não se preocupam em preservas as florestas. A criação da CBMJ apresenta uma vontade de que a floresta seja bem utilizada, que não haja desmatamento e destruição”, afirma.


Rubens Born, coordenador executivo do Vitae Civilis, acredita que o que diferencia o FSC dos outros selos, é que os seus princípios e critérios foram previamente negociados entre diversas partes interessadas: ambientalistas, produtores e representantes das organizações da sociedade civil.


Outra parte que sai ganhando nesse processo é o consumidor. E uma das metas do CBMJ é fazer o FSC ser reconhecido por ele, pois é um atestado de que o produto é originário de um manejo florestal ecologicamente responsável. Walter Suiter diz que existe a necessidade de se fazer uma campanha para o comprador entender a importância desse selo para ele próprio. “Com o selo do FSC, o consumidor pode ficar tranqüilo, sabendo que a extração da matéria-prima do produto consumido não destruiu florestas nem foi feita com mão-de-obra escrava ou infantil”, afirma.


Walter acrescenta que a nova entidade quer dar ênfase à importância do processo de certificação das florestas para o desenvolvimento social e atrair o apoio de ONGs. “Não existe ainda uma compreensão clara de que esse processo pode ajudar o trabalhador rural a ter todos os seus direitos garantidos. A sustentabilidade da floresta implica a sustentabilidade do emprego, pois uma floresta bem manejada exige uma mão-de-obra treinada, especializada e mais estável.” Desse modo, o FSC representa um papel muito importante num país tão carente de implementação de políticas públicas como o Brasil. “O FSC visa a garantir inclusão e nao exclusão social, gerando renda para quem está ajudando a proteger as florestas: indígenas, ribeirinhos e agricultores”, reforça Rubens.

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