FME: uma nova educação é viável

Autor original: Felipe Frisch

Seção original: Serviços de interesse para o terceiro setor

A paz pode ser ensinada? Talvez, e provavelmente seja essa a principal missão dos educadores do novo milênio. Uma missão no mínimo ambiciosa, em vista dos conflitos que o mundo inteiro tem assistido - agravados após 11 de setembro. Enfim, ficou difícil programar o futuro e falar de outro assunto, mas uma coisa ainda é certa: Porto Alegre vai continuar sendo pólo das discussões sobre a viabilidade de um novo mundo, e dessa vez vai discutir "a educação no mundo globalizado".

Esse é o tema do Fórum Mundial de Educação, que reunirá, entre os dias 24 e 27 deste mês, educadores e representantes de entidades do mundo todo ligadas à educação, no estádio do Gigantinho e em outros locais espalhados pela cidade. A idéia é discutir propostas em nome do direito a uma educação que promova um mundo solidário.

- Discutir educação neste mundo violentado pelo terrorismo privado ou estatal significa colocar no centro deste debate o desenvolvimento de uma cultura de paz fundada na justiça social - define o Secretário Municipal de Educação de Porto Alegre e Coordenador Geral do FME, Eliezer Pacheco.

Em torno da discussão central que dá nome ao encontro, serão quatro os eixos temáticos principais: "Educação como Direito"; "Educação, Tecnologia e Trabalho"; "Educação e Culturas"; e "Educação, Transformação e Utopias".

Organizado por trabalhadores da educação, como uma continuidade do Fórum Social Mundial e uma forma de aprofundar o debate, o encontro já tem a presença confirmada de personalidades internacionais e nacionais - como Luís Eduardo Soares, Cristovam Buarque e Sérgio Haddad em alguns dos 16 debates programados. Um dos resultados imediatos que os participantes irão produzir será a Carta do Fórum, um documento final que será levado ao Fórum Social Mundial no ano que vem.

Por enquanto, é difícil fazer idéia concreta de que propostas podem surgir. "Vem sendo apontada, pela pessoas que já estão participando da discussão, alguma direção. Sabemos que não é para essa educação tradicional, que está imposta e que não queremos. Existem experiências pelo mundo todo contra esse projeto neoliberal", atesta a Coordenadora de Relações Institucionais do Fórum, Leslie Toledo.

Todas as propostas serão votadas pelos delegados das entidades educacionais inscritas, que até agora já totalizam 616 organizações, sendo que cada uma pode levar até cinco representantes com poder de voto. O preço é diferenciado (R$ 80 para delegados, e R$ 40 para participantes individuais), mas o Fórum está aberto a todos.

- Essa foi a característica do Fórum (Social Mundial). É a pluralidade que vai garantir a qualidade do debate. Falar para nós mesmos não vai acrescentar nada - define Leslie, que lembra que o evento vai estar recebendo desde representantes dos movimentos negro, feminista e indigenista até representantes do governo.

A expectativa dos organizadores é reunir cerca de 15 mil pessoas durante os quatro dias. As inscrições vão estar abertas até a data do evento e podem ser feitas pelo telefone (51) 3214-1861 ou pelo site, onde também está disponível a programação completa.

Nem só debates

Além das discussões e de outras 27 atividades previstas, está programada para o domingo, 26, a Caminhada da Educação contra o Neoliberalismo e pela Paz, que sai do Gigantinho às 12h em direção ao Largo Glênio Peres, no centro da capital gaúcha, onde haverá um ato-show com manifestações políticas. Com os acontecimentos do mês passado, até a caminhada - que era só contra a política neoliberal - mudou de nome.

Cada participante do fórum será também responsável por um pedaço do Mosaico de Livros. Inspirado no mosaico de pedras que foi construído durante o FSM, o mosaico de livros irá compor o que será a Biblioteca do Fórum Social Mundial. Espera-se a contribuição de cada participante, com uma publicação ligada a um dos eixos temáticos do FME.

Na rede

Quem não puder ir a Porto Alegre mas quiser se engajar e participar das discussões, pode desde já participar da versão virtual do Fórum, o FME-Chat no site do evento.