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Moradia e Cidadania aposta na estruturação do ser humano

Autor original: Mariana Loiola

Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor






A Moradia e Cidadania, organização não-governamental criada e mantida pelos empregados da Caixa Econômica Federal de todo o Brasil, completa um ano de existência com um número significativo de iniciativas promovidas em diferentes regiões do país. Criada oficialmente em setembro de 2000, a ONG já beneficiou diretamente mais de um milhão de pessoas.


A iniciativa surgiu em 1993, a partir de um espírito comum de solidariedade entre os funcionários da Caixa. No início, as ações eram mais emergenciais, praticadas em situações de calamidade pública. Aos poucos, os participantes do projeto foram percebendo a necessidade de implementar trabalhos estruturais, para a formação de uma sociedade auto-capacitada e solidária. Rivaldo De Sena, gerente-administrador financeiro e coordenador nacional substituto da Moradia e Cidadania, diz que o lema da instituição é ajudar no resgate do ser humano e na sua independência, e que o seu trabalho não está baseado na idéia de assistencialismo. “Nós queremos contribuir para o aumento da auto-estima das pessoas”, afirma. O trabalho do grupo foi se desenvolvendo até culminar na sua cristalização como personalidade jurídica, o que ocorreu no ano passado. Hoje, a ONG tem representações em todos os estados do território brasileiro e uma coordenação nacional sediada em Brasília, procurando atuar em todos os segmentos de atividades que dêem suporte às comunidades carentes.


Tendo como fontes de recursos as contribuições dos seus associados, doações e outras receitas de atividades sociais, a instituição atua através de projetos que visam promover, apoiar e incentivar a educação, a cultura, a saúde, a moradia à população de baixíssima renda, a geração de emprego, a defesa do meio ambiente, a assistência social e o combate à fome e à miséria. A prioridade dos investimentos para os próximos anos é a expansão dos projetos de educação digital (oferecendo cursos gratuitos de computação a pessoas de baixa renda), a alfabetização de jovens e adultos da zona urbana e rural, moradia para famílias de baixa renda, e o microcrédito, que dá suporte financeiro e condições mínimas para se iniciar um negócio. Esses são considerados os projetos “mestres” da instituição.


Entre tantas iniciativas, se destaca o projeto Engraxate, destinado a jovens com idade entre 16 e 18 anos, selecionados pelo Serviço de Atendimento ao Adolescente Trabalhador (Saat). Um dos requisitos para se candidatar a uma vaga é estar freqüentando a escola. Através do Engraxate, os adolescentes são encaminhados para trabalhar em empresas conveniadas, onde têm a oportunidade de se profissionalizar e sair das ruas. A Moradia e Cidadania fornece a eles todo o material necessário, salário mínimo, cesta básica e a garantia dos seus direitos trabalhistas.


Em agosto deste ano, a Moradia e Cidadania obteve mais uma grande conquista. Recebeu o Título de Utilidade Pública Federal, o que a torna apta a receber doações de qualquer natureza, especialmente de órgãos públicos. É um reconhecimento dos esforços feitos pela ONG e da qualidade das suas ações. Rivaldo acredita que os resultados do trabalho da ONG se devem, em grande parte, à determinação, ao espírito de solidadriedade, e à articulação dos seus participantes no Brasil todo, e das parcerias com instituições públicas, privadas e da sociedade civil.


Para melhorar ainda mais a qualidade do trabalho, Rivaldo considera fundamental uma maior participação do empresariado. Nesse sentido, a ONG busca valorizar uma postura transparente na relação com os seus colaboradores. “Procuramos dar uma segurança de que as doações vão chegar efetivamente ao seu destino”, afirma.


Além de todas as atividades desenvolvidas nos projetos da Moradia e Cidadania, alguns funcionários da Caixa colaboram na organização e na articulação de outros projetos, como os do Comitê de Entidades no Combate à Fome e pela Vida (Coep), uma rede de mobilização social que faz campanhas contra a pobreza em todo o país. Gleyse Peiter, uma das coordenadoras do Coep, diz que esses funcionários se destacam entre os participantes do Comitê porque “são pessoas bastante engajadas, comprometidas, e acreditam muito no trabalho que fazem”. E trabalho é o que não falta. Os parceiros do Coep já estão se preparando para as próximas campanhas: o Dia Mundial da Alimentação, em 16 de outubro, e o Natal sem Fome. São ações que reforçam a luta pela cidadania no país e apontam para o seu fortalecimento.

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