Autor original: Mariana Loiola
Seção original: Serviços de interesse para o terceiro setor
A substituição de lâmpadas incandescentes por lâmpadas fluorescentes, também conhecidas como lâmpadas frias, tem sido uma das alternativas mais difundidas para contribuir com o racionamento de energia. Esse procedimento simples resulta em uma redução significativa do gasto energético e uma grande economia para o consumidor. Entretanto o aumento do consumo dessas lâmpadas também pode causar graves problemas ao ser humano e ao meio ambiente, caso elas não sejam descartadas adequadamente. Essa será uma das questões debatidas no 2º Seminário e Exposição sobre os Desafios Técnicos e Econômicos para a Reciclagem (Recicleshow 2001), a ser realizado de 7 a 10 de novembro, em São Paulo. Promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), Serviço de Apoio às Micros e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP) e pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), o seminário pretende estimular a reciclagem no Brasil, expor oportunidades de mercado para produtos reciclados, discutir políticas de incentivo e o destino dos resíduos sólidos. Em relação às lâmpadas fluorescentes, o seminário vai destacar a necessidade de haver uma conscientização sobre o seu descarte inadequado e uma busca de soluções adequadas sob os pontos de vista técnico, empresarial, econômico e social.
O perigo das lâmpadas fluorescentes está no grande risco de contaminação que oferecem, pois são compostas de vapor de mercúrio e outras substâncias tóxicas. Quando estão funcionando, não oferecem riscos, mas, se quebradas acidentalmente ou simplesmente jogadas fora, essas substâncias são liberadas e, sendo absorvidas pelo ser humano, podem causar problemas respiratórios, neurológicos e gastrointestinais, ou até a morte. Quando descartadas no lixo, contaminam também o solo e a água. Segundo estimativas, atualmente, 95% dos cerca de 40 milhões de lâmpadas fluorescentes consumidas são depositados em aterros sanitários. Além da necessidade de haver nas embalagens recomendações de segurança e simbologia de resíduo perigoso, o manuseio das lâmpadas deveria seguir um esquema de controle do descarte, para que não haja contaminação em massa pela má utilização do produto.
A reciclagem, com a recuperação do mercúrio, é a solução mais adequada para o problema. A coleta seletiva já é prática nos Estados Unidos, no Japão e em diversos países da Europa. No Brasil, entretanto, não existe ainda uma legislação que discipline a separação na fonte e o descarte adequado desse produto. Essa situação deverá mudar em breve. Um dos palestrantes do Recicleshow será o deputado federal Emerson Kapaz (PPS-SP), relator na Câmara da Comissão de Política Nacional de Resíduos Sólidos. Segundo o deputado, não há dúvidas de que o problema se agravou em decorrência do racionamento de energia. “Vemos cada vez mais lâmpadas serem jogadas nas caçambas de lixo, sem o menor controle”, diz. Kapaz garante que diversas medidas estão sendo estudadas e que a participação de toda a sociedade será fundamental para que se alcancem resultados positivos. “As empresas deverão se responsabilizar e adotar mecanismos de 'retornabilidade', como já acontece com produtos como pilhas e baterias de celular”, afirma. Deverá haver, também, um trabalho de conscientização do consumidor. “É necessária uma punição para quem jogar lâmpadas fluorescentes em lixo comum, assim como ocorre com o lixo hospitalar”, acrescenta.
No seminário, Kapaz vai falar sobre o relatório preliminar que irá servir como substitutivo da Política Nacional de Resíduos e espera receber contribuições por meio de idéias e sugestões que possam ser incorporadas ao projeto. O deputado acredita que o seminário será uma ação importante de conscientização, apresentando e esclarecendo todas as questões envolvidas no tema. O Recicleshow abordará ainda temas como a situação atual do gerenciamento do lixo, a indústria ecoeficiente, tributação, financiamento, novas tecnologias, mercado e aspectos econômicos da reciclagem. O evento é dirigido a prefeituras, administrações regionais, órgãos públicos, ONGs e empresas. Mais informações sobre o Recicleshow podem ser obtidas pelo correio eletrônico eventos@abimaq.org.br ou pelo telefone (11) 5582-6428.
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