Autor original: Marcelo Medeiros
Seção original: Novidades do Terceiro Setor
Investimentos no bem-estar do funcionário, na melhoria do meio ambiente e na comunidade da qual faz parte são práticas recentes na história das empresas brasileiras. No entanto, muitos empresários já se deram conta da importância da prática de atividades que beneficiem o ambiente no qual suas empresas estão inseridas, mas poucos divulgam essas iniciativas. Uma das melhores maneiras de apresentar o resultado destas ações responsáveis é por meio de um Balanço Social, que mostra onde foram feitas as ações, o quanto foi gasto, quantos foram os beneficiados e se eles estão satisfeitos.
Para estimular a discussão sobre o balanço social, o Instituto Brasileiro de Análise Sócio-Econômica (Ibase) e a Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social (Fides), em parceria com a Associação Brasileira dos Analistas do Mercado de Capitais (Abamec) e apoio da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), estão promovendo o "Fórum Permanente do Balanço Social - Etapa Rio de Janeiro", que acontece no dia 22 de novembro. A idéia de divulgar as ações sociais de uma empresa por meio de um balanço social surgiu nos anos 70, na Europa. A França possui uma lei desde 1977 que obriga empresas com mais de 300 funcionários a divulgar um relatório com suas atividades sociais. No Brasil, apesar das primeiras iniciativas nascerem na década de 80, a prática de divulgação de balanços desse tipo só tomou força nos anos 90.
Há quatro tendências de conceitos de adoção do balanço social empregadas pelas companhias brasileiras. A primeira é uma perspectiva de simples divulgação de gastos em ações consideradas sociais pelas empresas, nos moldes do balanço econômico tradicional. Outra, é uma visão legalista que quer obrigar as empresas a divulgarem suas ações sem levar em conta sua diversidade. A terceira é uma visão de marketing, de demonstração da responsabilidade social por meio do balanço com intuito de fazer propaganda. E a quarta tendência é relativa a empresas preocupadas com os públicos com os quais se relaciona. Neste caso, o balanço serve para medir o grau de satisfação do público com suas ações, ano a ano.
Em meados de 1997, o Ibase desenvolveu um modelo de balanço social a ser adotado pelas empresas. Dessa forma seria mais fácil comparar os resultados e estimular outras a fazerem o mesmo. Naquele ano, apenas dez companhias divulgaram suas ações, sendo que quatro adotaram o modelo da ONG. Hoje, são 250 empresas, a maioria de grande porte, que apresentam balanço social. Dessas, 70 o fizeram por meio do modelo sugerido pelo Ibase.
Segundo o coordenador do projeto de Balanço Social do Ibase, Ciro Torres, "o balanço é uma ferramenta indutora de ações sociais concretas. As empresas ganham visibilidade e ligam seu nome a coisas positivas, além de estimular novas práticas de responsabilidade social." Outra vantagem é o orgulho que funcionários sentem ao ver que sua empresa está fazendo algo por eles e pelo local onde vivem. Além disso, investidores se interessam mais por esse tipo de empresa pois elas têm apoio da comunidade e uma imagem positiva.
Já há iniciativas de estímulo a esse tipo de ação. A cidade de São Paulo, por exemplo, criou através de uma lei o dia e o selo da empresa cidadã - para as que apresentarem qualidade em seu balanço social. Outras cidades como Santo André, Porto Alegre e João Pessoa vão pelo mesmo caminho. Tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei que obriga empresas públicas e privadas com 100 ou mais empregados a criarem e divulgarem balanço social. Entretanto, esse projeto é criticado por Torres, que o considera falho: "a lei só seria aplicável, na prática, para empresas que já fazem ações sociais. As que não fazem, seriam obrigadas a divulgar um papel dizendo o quê? A iniciativa de divulgação deve vir da própria empresa. Falar em obrigatoriedade não faz sentido", afirma.
A idéia do Fórum Permanente do Balanço Social é ser itinerante e ao mesmo tempo manter o ritmo das discussões. O Fórum começou em São Paulo em 1999 e até hoje acontecem reuniões a cada três meses. O desejo dos organizadores é que o mesmo aconteça por onde ele passar. Na etapa Rio serão discutidos todos os diferentes conceitos e será aberto um espaço para que empresas, universidades e ONGs possam discutir o tema - e, dessa forma, torná-lo uma atividade permanente no estado.
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