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Incentivo para organizações de mulheres

Autor original: Mariana Loiola

Seção original: Serviços de interesse para o terceiro setor

Fortalecer iniciativas de grupos de mulheres que se dedicam a projetos que tenham como alvo o desenvolvimento dos direitos humanos das mulheres. Esse é o objetivo do Angela Borba – Fundo de Recursos para Mulheres, que está promovendo o I Concurso de Projetos de Mulheres. O concurso vai selecionar projetos orientados a promover ações e iniciativas que visem a ampliar e melhorar a vida das mulheres e de suas famílias. Madalena Guilhon, uma das criadoras do Fundo e coordenadora do Cemina – Comunicação, Educação e Informação em Gênero, diz que o concurso vai permitir que, com um mínimo de recursos, mulheres de baixa renda possam realizar projetos e concretizar as suas idéias. "Existem muitos grupos populares de três ou quatro mulheres, não-registrados e com pouquíssimos recursos, que são ligados a associações de moradores, de mães, de empregadas domésticas etc.", diz.


O Fundo foi criado a partir do Seminário Mulheres, Responsabilidade Social e Recursos Financeiros, realizado no ano passado, no Rio de Janeiro, com a presença de mais de 100 mulheres de organizações do Brasil e de outros países. Um grupo de feministas decidiu, então, implementar no Brasil um projeto que fosse semelhante a projetos bem-sucedidos desenvolvidos em diversos países. Os fundos de mulheres são uma tendência mundial. Em janeiro de 2000, formou-se a Rede Internacional de Fundos de Mulheres, do qual faz parte o Fundo Angela Borba, assim como fundos na África do Sul, Chile, Estados Unidos, Ghana, Holanda, India, México, Mongólia, Nepal e Ucrânia. O Angela Borba foi inicialmente desenvolvido como um projeto do Cemina, sendo registrado, somente este ano, como uma organização independente.


No Brasil, a organização é pioneira em ter como principais atividades a captação de recursos para distribuí-los para organizações de mulheres e a capacitação de mulheres para captar recursos. "Nós queremos repassar o nosso conhecimento em captação de recursos para outras mulheres, para que elas se tornem independentes nessa atividade", afirma Madalena.


Madalena acredita que a situação da mulher no Brasil melhorou muito, mas que persiste ainda uma cultura machista. A violência contra as mulheres e a desigualdade de direitos entre homens e mulheres ainda é muito grande. "Dados do IBGE e de outros órgãos de pesquisa mostram que as mulheres ainda ganham muito menos do que os homens para realizarem as mesmas tarefas", afirma Madalena. Essa desigualdade gera um fenômeno preocupante. Com o aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho, cresceu também o número de mulheres que são chefes de família. Como elas ganham menos, as suas famílias são mais pobres. "É o que chamamos de ‘feminilização da pobreza’", diz.


Para o concurso serão selecionadas, exclusivamente, organizações coordenadas ou dirigidas por mulheres, que se dedicam a trabalhar com projetos que busquem o desenvolvimento da auto-estima das mulheres através da cultura, geração de renda, meio ambiente, diversidade e direitos sexuais, capacitação em profissões não tradicionalmente femininas e combate à violência contra as mulheres. Entre os critérios para a escolha das organizações ou dos grupos, estão a escassez de recursos, a relevância e o impacto social dos projetos. O Fundo dispõe de recursos no valor de R$ 50.000,00 para apoiar ao todo 14 projetos, para 12 meses de atividades, a partir de março do ano que vem.


A organização espera dar condições socieconomicas e culturais para que mulheres coloquem em prática projetos que lutem pela cidadania plena da mulher. Como resultado, as mulheres não se limitariam ao seu papel tradicional e teriam mais possibilidades de contribuir para importantes mudanças sociais, para o seu próprio futuro e, conseqüentemente, de crianças e adolescentes. As inscrições para o I Concurso de Projetos de Mulheres vão até o dia 20 de dezembro. Mais informações pelos telefones (21) 2266-6690 e 9165-8513 (Amália E. Fischer ou Mônica Lemos).

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