Autor original: Graciela Baroni Selaimen
Seção original: Artigos de opinião
* Sérgio de Mattos Fonseca
Qualidade de vida ? Como ?! Equanto todos os compêndios de Ecologia demonstram que a riqueza dos ecossistemas é sinalizada por indicadores de biodiversidade saudáveis, indicando uma maior variedade de espécies convivendo em um equilíbrio ecossistêmico dinâmico, a espécie H. sapiens, ao contrário, além de dominar e exterminar outras espécies, inclusive a sua, adensa cada vez mais os seus espaços, aumentando gabaritos de construção, ocasionando superpopulação nas áreas costeiras, também indicadora de stress e poluição.
O principal indicador mundial de qualidade de vida: o Índice de Desenvolvimento Humano, ou IDH - M restringindo-se aos municípios, resulta do conjunto de três expressões:
Não inclui assim quaisquer variáveis ambientais, certamente relevantes para o desenvolvimento humano sustentável e das demais espécies, uma vez que longevidade, nível educacional e de rendimento, certamente não serão expressos por indicador ou números confiáveis sem que sejam refletidos na qualidade do ambiente urbano e natural. Ao constatar a enorme elevação de gabaritos, o tratamento irregular e a disposição de esgotos em rios, lagoas e baías, o desmatamento de encostas e dos parques estaduais e municipais, a retificação e destruição das matas ciliares de rios e lagoas, efim, o desprezo pelos ecossitemas, certamente observa-se que esses ambientes não contribuiriam positivamente para o IDH de qualquer município.
Está longe de expressar qualidade de vida um índice que não incorpora qualquer variável ambiental, como se o desenvolvimento da espécie humana possa ser avaliado independente da biodiversidade em seus ecossistemas, natural ou urbano.
Certamente a transformação de nossos rios, lagoas e baías em depósitos de esgotos a céu aberto e a especulação imobiliária provocando o enorme adensamento populacional das áreas costeiras, contribuem muito, mais e mais, para o stress e a poluição do meio ambiente do qual fazemos parte.
A solução efetiva vem a médio e longo prazo com a renaturalização dos ecossistemas impactados, recompondo os manguezais da orla das lagoas e rios, reflorestando as áreas de mata atlântica destruídas, implantando um sistema eficaz de tratamento terciário de esgoto e demais efluentes, e, principalmente, evitando o enorme adensamento populacional das áreas costeiras, através de uma ocupação urbana mais horizontal, diminuindo ou minimizando o impacto das atividades antrópicas no meio ambiente, na busca de uma melhor qualidade de vida e relacionamento entre as atuais gerações e os ecossistemas.
* Sérgio de Mattos Fonseca, professor, é diretor da APREC Ecossistemas Costeiros, área de atuação em Valoração Econômica - Ecológica de Externalidades Ambientais e Recuperação de Ecossistemas Costeiros Tropicais, com diversos trabalhos e artigos publicados.
Theme by Danetsoft and Danang Probo Sayekti inspired by Maksimer