Você está aqui

Notícias do teatro transformador

Autor original: Mariana Loiola

Seção original: Novidades do Terceiro Setor







Arquivo CTO-RIO

Com 15 quinze anos de atividades, o Centro de Teatro do Oprimido (CTO-Rio) acaba de lançar dois importantes veículos de divulgação do seu trabalho e de suas idéias: a revista Metaxis e uma página na internet.


O Teatro do Oprimido surgiu no início da década de 70, quando Augusto Boal, banido do Brasil pelo regime militar, passa a trabalhar na América Latina, nos Estados Unidos e em vários países da Europa, sistematizando essa metodologia composta por exercícios, jogos e técnicas teatrais. De volta ao Brasil, em 1986, Boal inicia um projeto para formar Curingas – especialistas em Teatro do Oprimido – que pudessem desenvolver grupos populares de teatro no estado do Rio de Janeiro. Em seguida, cria o Centro de Teatro do Oprimido, que se dedica à difusão do Teatro do Oprimido no Brasil e à democratização dos meios de produção cultural, através de projetos socioculturais, políticos e pedagógicos.


A metodologia do Teatro do Oprimido permite que as pessoas que desejam modificar a realidade, ensaiem uma participação ativa através da linguagem teatral. A idéia é que o espectador possui a capacidade de transgredir o ritual teatral convencional, penetrar na imagem - a cena ou a peça - e transformá-la. Daí o significado do nome da revista. A palavra grega "metaxis" se refere à possibilidade de trânsito entre o mundo das idéias e o mundo da realidade.


As atividades do CTO-Rio têm como objetivo formar grupos populares que, através de técnicas teatrais, possam debater soluções para os problemas do seu meio social. Nesses grupos, os Curingas se encarregam de transmitir a técnica do Teatro do Oprimido e orientar a montagem das peças. Os temas, os diálogos e as personagens, que refletem a realidade da comunidade, ficam por conta de todas as pessoas que participam das oficinas. O cenário é construído a partir de elementos do local, inclusive materiais reciclados, e as apresentações ocorrem na própria comunidade e em diferentes espaços públicos.


Os principais projetos do CTO-Rio são o Teatro do Legislativo, que ajuda a população a transformar suas reivindicações em lei; Direitos Humanos em Cena, que atua dentro dos presídios, promovendo o debate sobre direitos humanos; e o CTO-MST, que forma Militantes-Curingas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. O CTO acredita na democratização da linguagem teatral e no surgimento de soluções e alternativas a partir da discussão através do teatro. "A metodologia do Teatro do Oprimido possibilita discutir o que antes não era expresso e serve como um grande instrumento de luta, que pode ser utilizado por qualquer organização", afirma Geo Britto, diretor de comunicação e Curinga do CTO-Rio.


Primeira publicação periódica do CTO, a Metaxis é uma revista semestral, bilíngue (português e inglês) e que visa promover o intercâmbio entre praticantes do Teatro do Oprimido e expandir a sua metodologia. "É um meio de conhecer experiências do Teatro do Oprimido em diversos países do mundo," diz Geo. A revista contém artigos sobre experiências de grupos em vários países do mundo. Os autores têm experiência teatral há, no mínimo, dez anos e são militantes do Teatro do Oprimido na Palestina, África do Sul, Burundi, França, Índia, Estados Unidos, Porto Rico e vários outros países, além do Brasil. A publicação é dirigida a todos os que se interessam por teatro, pedagogia e trabalho social. Para solicitar a revista, basta entrar em contato com o CTO-Rio, pelo telefone (21) 2220-7940.


A página eletrônica do CTO-Rio (www.ctorio.com.br/) ainda está em construção. O grupo pretende incluir, ainda, outros projetos, links de páginas de grupos de Teatro do Oprimido no Brasil e no mundo, e a sua participação no Fórum Social.


Mariana Loiola

Theme by Danetsoft and Danang Probo Sayekti inspired by Maksimer