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Defnet pede socorro

Autor original: Maria Eduarda Mattar

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O Defnet – Centro de Informática e Informações sobre Paralisias Cerebrais está precisando de ajuda para continuar atendendo e lutando pelos direitos das pessoas portadoras de dEficiências. A instituição corre risco de fechar sua sede provisória no Rio de Janeiro, devido a dificuldades financeiras e atrasos no aluguel. Ativa desde 1996, a entidade foi fundada pelo psiquiatra, psicoterapeuta e consultor Jorge Márcio Pereira, motivado pela experiência pessoal de ser pai de duas crianças portadoras de paralisia cerebral. Desde então, os projetos e iniciativas da entidade procuram promover, acima de tudo, a inclusão social das pessoas com necessidades especiais, partindo do princípio de que a diferença é enriquecedora da experiência e, não, motivo para se alijar pessoas.



Um dos projetos do Defnet que estão em "perigo de extinção" é o Curso de Informática para portadores de dEficiência, cuja edição de 2002 está prevista para começar em março. A instituição está procurando patrocínio para esta capacitação, apesar de já ter firmado parcerias estratégicas para sua realização: uma com o CDI – Comitê para Democratização da Informática, que doou os computadores a serem usados e passou aos instrutores de informática o know-how pedagógico e até as próprias matérias a serem ensinadas. Também foi fechada uma parceria com a Agência Brasil de Recursos Humanos, que terá a função de encontrar empresas interessadas em contratar os alunos formados e colocá-los no mercado de trabalho.



Outra instituição parceira do projeto é a Consultoria e Empreendimentos Sociais Brasil Cidadão, encabeçada por Marcos Mendes Pinheiro, psicólogo e ele próprio um portador de paralisia cerebral. Jorge Márcio explica a participação da Fundação na montagem da Escola de Cidadania e Informática para Pessoas com dEficiência: "O Marcos já desenvolvia um projeto com idéia semelhante à dos cursos, que é a de utilizar as novas tecnologias, particularmente a internet, para transformar a vida das pessoas portadoras de deficiência. Assim, ele ajudou na parte conceitual do projeto, juntamos as experiências e montamos a Escola."



Os cursos vão muito além da superfície na intenção de serem fator socialmente inclusivo para seus alunos, como explica a psicóloga e vice-presidente do Defnet, Ana Cristina Rodrigues: "O objetivo é que a informática sirva para dar acesso aos potadores de deficiência no mercado de trabalho, promovendo, assim, a inclusão destas pessoas. Mas, além disso, pretendemos que, através da informática, os alunos difundam a luta pela inclusão social, por exemplo, pesquisando na internet sobre o assunto, criando material sobre ele etc."


Além disso, segundo Cristina, o curso pretende apagar na cabeça dos participantes a auto-imagem que muitos têm, de que devem ser conformistas, passivos e incapazes.



Outra iniciativa que poderá perder a continuidade caso o Defnet não receba ajuda é o Projeto Clínica Social, que consiste no atendimento clínico de pessoas, feito na própria sede da instiuição, no Largo do Machado. O Clínica Social dá um tratamentro amplo às pessoas atendidas, incluindo psicoterapia, consciência corporal, trabalho de grupo com os portadores de deficiência e seus familiares e até trabalhando a sexualidade deste público. O Clínica Social está, hoje em dia, com carência de profissionais para atender os pacientes, muito em parte devido à fase difícil pela qual passa o Defnet. O Baila Comigo, tocado pela bailarina e psicóloga Andréia Chiesorin, é outro programa abrigado pelo Defnet. Andréia, que também é integrante do grupo Cia de Dança, procura desenvolver a educação e o domínio corporal dos participantes. Cristina lembra que o projeto vai além de ser simplesmente uma terapia: "É um projeto de arte mesmo, onde se desenvolve a dança", afirma a vice-presidente do Defnet.



Há ainda o projeto Inclusão e Acessibilidade, desenvolvido em parceria com o Museu da República e o Jardim Botânico, cujo objetivo é adaptar e tornar os lugares públicos mais adequados para as diferentes necessidades das pessoas. Todas as pessoas. Inclui-se aí não só os portadores de deficiência, mas também pessoas altas, idosos, crianças etc. O projeto é feito com a abordagem do Desenho Universal, conceito nascido na Universidade da Carolina do Norte, que, segundo Jorge Márcio, preconiza não só a adaptação, mas a projeção e desenho dos lugares públicos e urbanos já prevendo as diferenças e particularidades inerentes ao ser humano.



A intenção dos diretores do Defnet é, no futuro, criar um sítio-escola que possa abacar todos estes projetos, reunindo em um só lugar todas estas iniciativas que pretendem, como explica Jorge Márcio, "proporcionar a estas pessoas viverem e serem tratadas com ética, cidadania e inclusão social". Importante: no sítio-escola pessoas sem deficiências físicas ou mentais também são bem-vindas. Como definiu Cristina, "inclusão social é trabalhar com as diferenças e gerar a aproximação".



Para manter todas estas iniciativas é que o Defnet procura ajuda. O telefone do Defnet para contato e mais informações é (21) 2556-9129.


Serviço:


Para participar do curso de informática, é necesário ter mais de 18 anos e 2º grau completo. Haverá três turmas de 20 alunos, diariamente, e a mensalidade será de R$ 30.


Maria Eduarda Mattar

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