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Abre-alas para a saúde mental

Autor original: Maria Eduarda Mattar

Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor






Carnaval não é só época de samba, axé, Bahia e Sapucaí. Para os internos da rede carioca de hospitais psiquiátricos, é também uma oportunidade de inclusão social. Ao menos é o que pensam os organizadores do Loucura Suburbana, bloco de carnaval que abriga os pacientes, funcionários e familiares dos hospitais da rede. O bloco chega ao seu segundo ano tendo conquistado 300 foliões logo na primeira edição, em 2001, e pretendendo alcançar o mesmo número de pessoas no evento de 2002. A intenção é continuar – nas ruas, durante os dias festivos – o trabalho de promoção da saúde mental realizado durante todo o ano com os pacientes das unidades. “O carnaval brasileiro é um laboratório de cidadania”, afirmou Reinaldo Sant’ana, coordenador da Associação de Pais e Amigos da Colônia Juliano Moreira. A intenção dos organizadores do Loucura Suburbana é justamente usar esse “laboratório” e promover integração entre os pacientes e as pessoas nas ruas.

O bloco sairá às ruas no dia 7 de fevereiro, com a participação de 15 ritmistas do Bloco Carnavalesco Raízes da Tijuca e integrantes da Escola de Samba Arranco do Engenho de Dentro. Além disso, um dia antes, um baile de carnaval vai tomar conta do Instituto Juliano Moreira, em Jacarepaguá. O evento é voltado para os pacientes, seus parentes, funcionários, familiares dos funcionários, amigos, colaboradores e qualquer pessoa relacionada à instituição ou aos pacientes.

Promover atividades específicas em datas festivas é uma forma inovadora de continuar o trabalho regular dos hospitais e seus projetos. Destes, um dos principais é o programa de alfabetização realizado dentro do Instituto Juliano Moreira. O número aproximado é de 400 alunos formados, mas este montante pode ser muito maior, devido às particularidades do método utilizado com os alunos. Como explica Sant’ana, “o desenho dos nossos cursos de alfabetização é ‘freireano’, em que provemos uma educação não só prática, mas muito mais voltada para desenvolver a reflexão nos alunos. É um trabalho integrado”. Assim, em métodos como esse, o aprendizado é definido muito menos por provas e diplomas e mais pela participação e pelo desenvolvimento do intelecto de cada um a seu tempo. Por isso é mais difícil fazer a contabilização. O programa de alfabetização estava temporariamente parado, devido a negociações com o governo municipal para renovação das bolsas que pagam os professores. Tudo já foi resolvido e em breve as aulas recomeçam.

Outro programa que funciona durante o ano todo é, na verdade, uma série de iniciativas dos hospitais. Trata-se dos programas de lazer, que possibilitam aos internos fazerem atividades físicas, participarem de jogos e brincadeiras e até praticarem esportes. No Instituto Nise da Silveira, por exemplo, isso acontece no espaço comunitário. No Juliano Moreira, as atividades são realizadas no espaço denominado pelos internos de Maracangalha. Sim, é por causa da música, e, portanto, evoca um lugar de prazer, onde eles podem relaxar. No IPUB – Instituto Psiquiátrico da UFRJ também existe um local reservado para esse tipo de ocupação. Normalmente, as atividades de lazer acontecem aos sábados, pois é quando não há atendimento clínico nos hospitais.

Serviço:

O Loucura Suburbana sai na quinta-feia, dia 7, com concentração em frente ao Instituto Nise da Silveira, no Engenho de Dentro (Rua Ramiro Magalhães, 521). Mais informações pelos telefones (21) 2446-5488 e (21) 2446-5177.

Maria Eduarda Mattar

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