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Parceria para fazer história

Autor original: Fausto Rêgo

Seção original: Novidades do Terceiro Setor







Andréa Monteiro

Rivalidade, só no futebol. Longe dos gramados, Brasil e França juntaram suas forças. Não para criar um time imbatível, mas para formar cidadãos. Não para marcar época no esporte, mas para manter viva a cultura e resgatar a história de algumas comunidades. Lançado oficialmente no dia 4 de fevereiro, o Museu Popular Vivo de Vila Albertina, na capital paulista, envolve educadores e agentes comunitários em oficinas ministradas por craques das artes e da cultura dos dois países. A iniciativa é da Fundação Gol de Letra, criada por Raí e Leonardo, dois artistas da bola que brilharam em equipes brasileiras e francesas.

A partir de trabalhos em vídeo, fotografia, grafite, CD-ROMs e relatos escritos, o Museu Popular Vivo pretende registrar a história da comunidade de Vila Albertina, reforçar o orgulho dos moradores e despertar um sentimento de cidadania muitas vezes esquecido. “Através dessas oficinas, eles usam essas diferentes linguagens para levantar a própria história e os seus problemas e conseguem se conscientizar da capacidade que têm para transformar essa realidade”, diz Raí, que destaca o apoio de entidades da sociedade civil e de órgãos do governo da França ao projeto. “Os ministérios franceses trabalham muito com as organizações não-governamentais nos planos social e cultural. E elas têm um papel muito importante”, acrescenta. A proposta principal, informa a Fundação Gol de Letra, é que “todo artista deve imperativamente colocar no centro do seu processo de criação os moradores da comunidade onde atua, respeitando a identidade da comunidade e tornando acessíveis e cotidianas as obras de arte produzidas”.

O Museu Popular Vivo de Vila Albertina conta com o apoio do governo francês, da Agence de la Francophonie, da União Européia, dos Fonds d’Action Sociale, do Programme Européen Jeunesse e da Unesco. Graças a essas parcerias, a experiência brasileira poderá ser exportada. Todo o trabalho realizado em Vila Albertina vai permitir o desenvolvimento de uma metodologia que deverá ser aplicada em iniciativas semelhantes do outro lado do Atlântico. No momento, sete oficinas estão em andamento. E a exposição das primeiras obras produzidas já está marcada para o dia 15 de fevereiro. O acervo gerado terá como destino escolas, instituições e bibliotecas da comunidade.

A segunda e a quarta etapas, em abril (na França) e setembro (no Brasil), serão oportunidades para encontros de avaliação e planejamento dos coordenadores do projeto. Em agosto, o intercâmbio ganha força com a ida de um grupo de 50 a 100 jovens brasileiros para um estágio na cidade de Gironde, em parceria com comunidades locais e com o Centro Regional Léo Lagrange Aquitaine Poitou Charentes. Durante três a quatro semanas, esse grupo estará envolvido com as atividades artísticas e educativas do Uzeste Musical, um festival fundado e organizado pela Compagnie Lubat da Gasconha. “Será, na verdade, uma imersão, uma continuação do que eles estarão fazendo aqui”, explica Raí.

A quinta etapa envolve a participação – durante uma semana, no mês de novembro – de representantes do grupo de agentes comunitários, educadores e artistas no seminário internacional Patrimoine Social et Cultures Populaires, que reunirá atores sociais de seis países e três continentes (África, Europa e América do Sul).

O objetivo do projeto é que, ao final deste ano, 70 pessoas tenham sido formadas em oficinas artísticas no Brasil e na França e que 20 artistas – franceses e brasileiros – tenham participado de intercâmbio profissional.

Fausto Rêgo

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