Autor original: Graciela Baroni Selaimen
Seção original: Notícias exclusivas para a Rets
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“Aqui, um outro mundo é
possível, se a gente quiser"
O verso faz parte da música que acompanhou os 51.300 participantes do Fórum Social Mundial. Pessoas de 210 etnias, falando 186 línguas, oriundas de 131 países – muitas delas, membros das 4.909 organizações da sociedade civil presentes. Os números são oficiais, necessários sob o ponto de vista de quem se propõe a informar a respeito do maior encontro de pessoas e entidades que acreditam em alternativas para um mundo mais justo e solidário. Infelizmente – ou não – os números não são suficientes para revelar ou sugerir o que foi o II Fórum Social Mundial. Fazer uma avaliação de conferências, seminários, oficinas, testemunhos e entrevistas seria muito pouco. Preferimos compartilhar com o leitor impressões e momentos que ficaram, um pouco do impacto e da rica experiência vivida em Porto Alegre.
Impossível não se emocionar com palestinos e judeus gritando juntos palavras de ordem contra a violência e as políticas internacionais que impõem os conflitos entre os dois povos. Ou com a enorme bandeira nas cores do arco-íris estendida na escadaria da PUC por grupos de homossexuais que defendiam a inclusão de seus temas na pauta do Fórum. Ficam guardadas imagens de pessoas – conhecidas ou não – de cores, credos, raças, interesses absolutamente diversos, mas, ao mesmo tempo, reunidas em torno de esperanças e desejos comuns, numa demonstração de tolerância que merece aplausos. A grande sinergia do Fórum foi em torno da democracia e da paz.
Vale destacar o maior espaço aberto para as questões relacionadas à Comunicação – talvez fruto da compreensão de que esta é a base de todo relacionamento humano e que é prioridade, na Era da Informação, que seja um direito de todos, orientada por princípios éticos, considerada como um direito humano fundamental. A importância e o impacto da Informação salta aos olhos quando contabilizamos o pico de 500.000 page views em um único dia no conjunto dos três sites ligados ao FSM, hospedados pela Rits: o do próprio Fórum (www.forumsocialmundial.org.br), Porto Alegre 2002 (www.portoalegre2002.net) e a Ciranda da Informação Independente (www.ciranda.net).
Neste segundo Fórum Social Mundial, o sentimento mais forte e presente foi o de alianças para reforçar nossa esperança na transformação possível. A linguagem era uma só: a da solidariedade. Para a Rits, particularmente, foi um momento de afirmação e reconhecimento de nosso papel. Firmamos acordos com a Associação para o Progresso das Comunicações (APC), organização fundamental no pioneirismo brasileiro da apropriação das tecnologias de informação e comunicação na América Latina. Cabe mesmo lembrar que, em dezembro de 1988, quando foi assassinado Chico Mendes, foram as conferências eletrônicas da APC o nosso meio de denúncia e difusão – que acabou por tornar aquilo que poderia ter sido mais uma execução de um líder da sociedade civil num fato de rápida repercussão internacional.
Também formalizamos nossa parceria com a OneWorld, portal internacional de informações sobre temas afins ao nosso universo de atenção, para buscarmos criar um centro One World no Brasil. O belo trabalho da DHNet agora está mais próximo de nós, em outra parceria resultante do desejo coletivo de fortalecimento de ações conjuntas que se respirava em Porto Alegre.
A renovação de esperanças que o II Fórum Social Mundial representou nos leva a uma “licença jornalística” – se é que isso existe – para dar espaço a um olhar que pode ser descrito como inocente – aquele capaz de construir o novo. Voltamos à musica para recortar um único verso: “possível, se a gente quiser”. Que fique registrado: a gente quer.
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