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Pelos direitos da mulher na hora do parto

Autor original: Mariana Loiola

Seção original: Novidades do Terceiro Setor

Através de depoimentos, entrevistas, fotos e artigos, podemos encontrar na página da Amigas do Parto uma ampla gama de informações sobre o parto e os vários aspectos da nossa cultura que estão relacionados ao tema.


O projeto teve início no ano passado, quando quatro mulheres de São Paulo se juntaram para fundar uma ONG voltada para gestantes e mulheres envolvidas com a questão da maternidade. O objetivo principal da Amigas do Parto é proporcionar às mulheres informação de qualidade e uma visão mais ampla sobre o parto, e não apenas sob o ponto de vista médico. "Os médicos nem sempre têm interesse ou são atualizados para fornecer às mulheres informações corretas sobre um parto saudável", afirma Adriana Tanese Nogueira, psicoterapeuta e uma das fundadoras da organização. Para estarem sempre aptas a fornecer informações sobre o parto, as integrantes do grupo participam de seminários nacionais e internacionais, cursos e outros eventos relacionados ao assunto.


As quatro, que também são membros da Rede Nacional pela Humanização do Parto e Nascimento (ReHuNa), passaram por experiências diferentes de parto e sentiam necessidade de um espaço para compartilhar seus ideais e sua indignação contra os índices cada vez maiores de cesarianas e contra a falta de respeito no atendimento às parturientes.


A organização chama a atenção para o fato de que a cesárea aumenta os riscos de complicações para a parturiente, por se tratar uma cirurgia de grande porte, na maioria das vezes realizada sem necessidade. Ao ser submetida a tal procedimento, a mulher é privada de uma experiência física e emocional única. "O momento do parto é antes de tudo afetivo e não médico", diz Adriana, que teve um parto natural em casa há quatro anos. A intervenção médica só é realmente necessária nas situações de risco. No entanto, nos hospitais privados brasileiros, as taxas de cesariana chegam a 90%, enquanto que a taxa recomendada pela Organização Mundial da Saúde é de até 15%.


Se para a mulher, a cesárea envolve uma série de riscos e desvantagens como a anestesia e a recuperação demorada, para o médico ela é vantajosa. "A cesárea otimiza o tempo do médico e gera dinheiro para o anestesista e para o hospital", afirma Adriana. "O médico decide o parto em função de seus interesses, e não dos interesses da parturiente. Já faz parte da nossa cultura: o parto hoje é encarado como um ‘business’ e a cesárea é desejada como um bem de consumo por uma classe média baixa que quer ascender socialmente." O parto passa ser então, um processo cada vez menos envolvente na vida mulher. "A mulher moderna vê uma série de incômodos na gestação, no parto, na amamentação e na maternidade, que devem afetar o menos possível a sua vida."


A organização defende a necessidade de a gestante entender o seu corpo, suas mudanças, seus medos e anseios e estimular o empoderamento da mulher em relação ao parto, ou seja, o exercício do direito de decidir sobre como ela deseja vivenciar o nascimento do seu filho.


O conteúdo do site nasce de experiências e discussões de uma lista de discussão na Internet que inclui mães, gestantes, médicos, pediatras, enfermeiras, e profissionais de acompanhamento para o parto. Hoje, 50 pessoas do Brasil inteiro participam da lista de discussão da ONG. As gestantes podem contar ainda com um serviço de indicação de médicos que trabalham de acordo com os princípios da Amigas do Parto.


Mariana Loiola

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