Autor original: Fausto Rêgo
Seção original: Novidades do Terceiro Setor
Organizações que trabalham com a temática dos portadores de necessidades especiais têm um programa quase obrigatório de 21 a 24 de março, para conhecer as novidades em equipamentos, produtos, serviços e tratamentos médico-terapêuticos voltados para pessoas com deficiência física, mental ou motora. Na verdade, muitas dessas organizações já têm presença garantida, como expositoras, na ReaTech – Feira de Tecnologias em Reabilitação e Inclusão, que será realizada no Centro de Exposições Imigrantes, na capital paulista. Espera-se o comparecimento de aproximadamente dez mil pessoas, entre portadores de deficiência, seus parentes, médicos, fisioterapeutas, estudantes e público em geral. Simultaneamente, serão realizados outros eventos de grande interesse, entre eles o 18º Congresso Brasileiro de Medicina Física e de Reabilitação, o Reasem – Seminário de Tecnologias de Reabilitação e Inclusão, o 3º Congresso Brasileiro de Reabilitação do Acidentado, a Jornada de Terapia Ocupacional, o 1º Congresso Paulista de Direitos da Pessoa com Deficiência e o seminário Inclusão das Pessoas Portadoras de Deficiência no Mercado de Trabalho.
José Roberto Sevieri, organizador da feira - que é realizada pela primeira vez - pretende que ela seja um grande encontro de todos que têm interesse em assuntos relacionados aos portadores de deficiência. Diretor de uma empresa que atua na área de segurança do trabalho, ele decidiu investir na realização do evento no ano passado. “Nós promovemos um debate sobre a legislação para portadores de deficiência. E verificamos que não havia condições satisfatórias para empregar essas pessoas”, relata. Sevieri acredita que a ReaTech poderá contribuir para que haja uma facilidade maior para o ingresso desses profissionais no mercado de trabalho. “Existe um mercado latente. E os empresários vão tomar contato com o que há de mais moderno para facilitar a vida do portador de deficiência e poderão se interessar ainda mais”.
As entidades participantes também apostam na possibilidade de sensibilizar empresas e, em alguns casos, possíveis patrocinadores. “Esse evento tem uma importância imensa pra nós, que poderemos divulgar o nosso trabalho, e também para as demais entidades que trabalham nesse setor. É ainda uma oportunidade que a gente tem de fazer contato com possíveis patrocinadores”, diz Fábio Souza, diretor esportivo da Associação Desportiva para Deficientes (ADD). Ele, que também é atleta do basquetebol, conta que, em confrontos com equipes de países do chamado Primeiro Mundo, os brasileiros às vezes precisam usar estratégias especiais para conter a vantagem dos equipamentos utilizados pelos adversários. “A gente ainda está muito aquém do que se usa nos países desenvolvidos. Fazendo uma comparação com a Fórmula 1, é como se nós pilotássemos uma Minardi enquanto eles têm uma Ferrari. Por isso é que há várias situações, dentro da quadra, em que a gente precisa marcar os adversários por pressão, para tentar superar a diferença de equipamento”.
Para Fábio, eventos como a ReaTech podem levar as empresas brasileiras a desenvolverem produtos melhores e mais eficientes para o portador de deficiência. “O contato com os equipamentos importados pode fazer com que as empresas nacionais percebam que precisam mudar para serem competitivas internacionalmente. É preciso investir, pois talvez seja possível fazer produtos ainda melhores e, quem sabe, a um custo mais baixo”, diz.
A Dra. Alice Rosa Ramos, coordenadora de Reabilitação Infantil da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), que também estará entre os expositores, percebe no evento a possibilidade de difusão de novas técnicas e conhecimentos para a classe médica. “é a oportunidade de estar em dia com as novas tecnologias, de ter acesso às novidades em cadeiras, muletas e todas as facilidades produzidas no exterior”, comenta. Facilidades que, acredita, poderão motivar empresas a incorporar profissionais portadores de deficiência aos seus quadros. “A feira talvez possa mostrar às empresas as possibilidades que teriam de estrutura, mobiliário e ergonomia para oferecer melhores condições de trabalho a essas pessoas”, afirma.
A realização de eventos desse tipo pode ser vista como um reflexo de uma nova perspectiva para o portador de deficiência, diz ela, que destaca a garantia legal de cotas nas empresas e o esforço das organizações que trabalham nesse setor. “Há empresas que hoje têm essa política de empregar pessoas com deficiência. E nós mesmos temos aqui um grupo que prepara e insere o portador de deficiência no mercado”.
Outra instituição com presença garantida na ReaTech é a Avape – Associação de Valorização e Promoção de Excepcionais, que pretende aproveitar o evento para divulgar o projeto CETA – Centro de Tecnologia Adaptada, que já está em funcionamento na sua unidade de recuperação profissional. A iniciativa resulta de uma parceria com a IBM e consiste em um espaço com 16 computadores equipados com softwares que auxiliam nas tarefas de reabilitação, contribuindo com a melhora da discriminação auditiva, da dicção, da articulação e do ritmo da fala. Um desses programas, especialmente desenvolvido para portadores de deficiência visual, permite o uso da internet com todos os seus recursos. Outro garante o uso das máquinas por meio de comandos de voz. A entidade informa que o objetivo da parceria é contribuir com a colocação no mercado de trabalho de pessoas com necessidades especiais. Flávio Figgia, assessor da Superintendência da Avape, acha que a feira “vai abrir os olhos de muitos gerentes e diretores de empresas e poderá ser importante para o aumento da participação dos portadores de deficiência no mercado de trabalho”.
Serviço
ReaTech 2002 – de 21 a 24 de março de 2002 (quinta-feira a domingo), das 14 às 21 horas. O Centro de Exposições Imigrantes fica na Rodovia Imigrantes, km 1,5, em São Paulo, SP. Entrada gratuita. Informações: (11) 577-4355 ou http://www.cipanet.com.br/feiras/reatech.
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