Autor original: Maria Eduarda Mattar
Seção original: Novidades do Terceiro Setor
Na última quarta-feira, São Paulo foi palco do lançamento da publicação "ONGs no Brasil - Perfil e Catálogo das Associadas à Abong". A obra é fruto de pesquisa realizada pela instituição entre suas associadas, com o objetivo de conhecer quem são as ONGs, como se organizam e atuam. Tanto a coleta dos dados quanto a conseqüente publicação dos resultados, com a análise, fazem parte do Programa de Desenvolvimento Institucional da Abong. A pesquisa foi realizada entre os meses de agosto e novembro de 2001, com questionários em dois formatos sendo enviados às então 248 associadas da entidade. Destas, 196 responderam às questões sobre suas origens, missões, áreas temáticas de atuação, principais beneficiários, de que forma se articulam e atuam na esfera pública e fontes de recursos, entre outros temas.
Segundo o presidente da Abong, Sérgio Haddad, não há muita surpresa entre as respostas e os resultados obtidos pelo levantamento. Para ele, "confirma-se um perfil de ONGs brasileiras voltadas para a cidadania, para a proteção de direitos, atendendo muito mais grupos sociais do que indivíduos isolados". Os números falam por si: passa dos 61% a porcentagem de instituições que responderam que entre seus beneficiários principais estão organizações populares ou movimentos sociais. A Educação lidera o ranking entre as principais áreas de atuação: mais de 52% das organizações consultadas disseram atuar com o tema. Essa Educação se dá em todas as esferas, seja alfabetização infantil ou capacitação técnica e política.
Entre os resultados obtidos, um dos pontos que mais chamam a atenção é a ainda presente dependência de organismos internacionais para financiar as atividades do terceiro setor brasileiro. Exatos 78,57% das instituições que responderam à pesquisa afirmaram receber recursos de agências internacionais de cooperação. O aporte de dinheiro fornecido por estes organismos representa, em média, 50% dos recursos totais utilizados pelas organizações beneficiadas. Outras fontes de recurso apontadas pelas respostas são a comercialização de produtos e serviços, órgãos governamentais federais e empresas e fundações empresarias.
Haddad (apesar de previamente ter afirmado que a pesquisa não revelou surpresas) chama atenção para o número de pessoas atendidas indiretamente pela atuação destas ONGs, que chega a 20 milhões. Se lembrarmos que a pesquisa foi feita só com uma parcela das organizações não-governamentais brasileiras, esse dado ganha ainda mais importância, podendo ser muito maior.
O levantamento também lança luz sobre as particularidades dos trabalhadores das ONGs consultadas: mais de 60% das ONGs associadas trabalham com voluntários e 53% possuem política voltada para a capacitação, conscientização e politização deste tipo de trabalhadores. "O interessante é que os voluntários não são encarados como mão-de-obra barata, mas como atores importantes das organizações", destacou Haddad. Outra descoberta acerca dos funcionários das ONGs diz respeito ao sexo: 65,69% do pessoal ocupado nas organizações associadas são mulheres. Outra porcentagem que salta aos olhos é a referente á parcela de ONGs que utilizam a Internet para se comunicar: 97% das consultadas. As organização utilizam a grande rede tanto para se comunicarem entre si quanto para falarem com a sociedade.
Perguntado se o número de instituições em que se baseia a pesquisa não é pequeno perto da totalidade das ONGs brasileiras, o presidente da Abong afirmou: "É pequeno, mas significativo, pois lidamos com organizações bem organizadas, sólidas. A maioria é reconhecida, tem título de utilidade pública".
O trabalho da pesquisa não se encerra com o lançamento da publicação. Os dados coletados devem agora ser mais bem trabalhados. Alessandra Ceregatti, assessora de Comunicação da Abong, afirma que nos próximos dois meses será iniciado o trabalho de divulgação desses resultados, com a veiculação semanal, através dos Informes Abong, de textos comentando alguns dos pontos abordados na pesquisa. Posteriormente, ainda segundo a assessora, essas informações vão subsidiar as atividades de desenvolvimento institucional da Abong, que pode promover capacitações, encontros e demais atividades sobre as dificuldades jurídicas, de gestão e outras necessidades identificadas.
Para adquirir a publicação, as formas de contato são o site da Abong (www.abong.org.br), o endereço eletrônico abong@uol.com.br ou o telefone (11) 3237-2122.
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