Autor original: Marcelo Medeiros
Seção original: Novidades do Terceiro Setor
O dengue tem sido, nos últimos meses, a doença mais preocupante em muitos estados brasileiros. O que se viu foi um grande aumento de casos originado tanto pela falta de informação da população quanto de um trabalho eficiente de prevenção. Para não permitir que o mesmo aconteça com a meningite, foi fundado em São Paulo o Instituto de Prevenção à Meningite (Mening).
Dos cinco fundadores, apenas um é médico. Os outros são familiares de pessoas que já tiveram a doença e profissionais interessados em trabalhar com o tema. As atividades começaram há um ano, quando foram feitas pesquisas sobre a meningite e organizações que trabalhassem com ela. “Pesquisamos bastante e vimos que não havia ninguém fazendo trabalho social nessa área de saúde. Daí decidimos criar o Instituto”, afirma Jussara Gontow, coordenadora de relações públicas. Em março deste ano, ele foi oficialmente criado e hoje conta com profissionais de diversas áreas atuando como voluntários.
A idéia é atuar em várias frentes, mas priorizando a informação. A organização edita um jornal mensal distribuído a farmácias e drogarias para orientar os farmacêuticos na hora de atender pessoas com sintomas de meningite, mas sem saber o que fazer. “Muitas vezes, quando há algum problema de saúde, as pessoas vão direto em busca de remédio, sem saber o que têm ou procurar um médico antes. Por isso a necessidade de orientar os atendentes”, explica Gontow. O site do instituto também disponibiliza informações, inclusive com linguagem diferente para pais e crianças, sobre as formas de contágio e tratamento da doença. Em março, o Mening participou de uma Feira de Saúde promovida pela Associação Comercial de São Paulo e distribuiu panfletos a duas mil pessoas, que também tiveram médicos à disposição para dar informações.
O conhecimento é importante para ajudar na prevenção da doença e seu agravemento. A meningite é resultado da inflamação das meninges (membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal) por bactérias ou vírus e seus sintomas são rigidez na nuca, forte dor de cabeça, febre alta, náuseas e dores no corpo. Essas características podem ser confundidas com as de outras doenças, ainda mais devido ao fato da maioria dos casos atingir crianças, principalmente até os cinco anos de idade. Por isso um diagnóstico correto o mais breve possível é essencial, pois algumas horas de atraso podem ser fatais ou deixar graves seqüelas. Entre elas estão paralisias e problemas de coordenação motora. O contágio da meningite bacteriana (a mais grave) se dá por via respiratória, por meio de tosse e troca de secreções. Este é mais um motivo para o tratamento ser aplicado o mais rápido possível.
O instituto possui médicos de plantão durante todo o dia para tirar dúvidas, até mesmo por telefone - (11) 5042-1733 - de famílias ou profissionais de saúde. Estes são alvo do trabalho informativo do Mening, que está elaborando um cadastro para poder formar, mais tarde, uma rede de médicos dispostos a discutir novas atividades e apoiar doentes e familiares. De acordo com Mário Santoro, pediatra e integrante do Mening, “é importante não só prevenir, mas também promover o bem-estar do doente dando as melhores condições para que ele se recupere o mais rápido possível. Por isso estamos desenvolvendo estratégias para melhorar a vida dos pacientes.”
Os profissionais de saúde formam o Conselho Médico da entidade, hoje composto por nove médicos, todos fazendo parte das equipes dos melhores hospitais de São Paulo. A administração não fica por conta somente da direção, mas também dos Conselhos. Além do Conselho Médico, há o Jurídico, que cuida da orientação dos direitos e deveres tanto de médicos quanto de pacientes e o Consultivo, que agrega todos os envolvidos, de todas as áreas, para discutir novas atividades e formas de angariar recursos.
Até agora, a entidade tem se mantido através de parcerias com a iniciativa privada, mas possui planos de criar projetos e eventos que tornem possível a auto-sustentabilidade. No momento está sendo elaborado um plano de negócios e de patrocínio a programas - como a clínica de fisioterapia - para tratar as seqüelas deixadas pela doença. Para o presidente do Mening, Ricardo Ohira, ter um local para o tratamento é imprescindível. “Minha filha teve meningite logo após nascer e hoje apresenta seqüelas. Mas, felizmente, tenho condições de bancar o tratamento, que é bastante caro. A idéia, desde o começo, é dar condições a todos de se tratarem. E muitas pessoas estão abrindo mão de um pouco de seu tempo livre e até mesmo de trabalho para nos ajudar e ajudar aos outros”.
Theme by Danetsoft and Danang Probo Sayekti inspired by Maksimer