Autor original: Marcelo Medeiros
Seção original: Novidades do Terceiro Setor
A meningite é uma doença que atinge o sistema nervoso central, caracterizada por inflamação das meninges (as membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal). É causada, geralmente, por vírus ou bactérias, mas também por fungos ou parasitas. As crianças são as maiores vítimas, representando 50% dos casos. A Organização Mundial de Saúde afirma que “poucas doenças causam o medo apresentado quando uma epidemia de meningite atinge uma comunidade”.
A meningite mais freqüente, de acordo com o pediatra Mário Santoro, membro do Conselho Médico do Instituto Mening, é aquela cujo agente é desconhecido. “Muitas vezes é difícil, por problemas de identificação nos laboratórios, saber qual foi o causador da doença”, explica.
Mesmo assim, a forma viral é mais comum e pode se transformar em epidemia, principalmente nos meses de verão. Essa forma não é letal nem deixa seqüelas e tem curta duração, em geral, de dois a três dias. Os vírus causadores (os enterovírus são os mais comuns) podem ser transmitidos por falta de higiene ou água poluída. Verduras mal lavadas, por exemplo, são uma forma bastante usual de transmissão.
A bacteriana é mais grave, quase 10% dos casos são mortais e também provocar epidemias. Este tipo é o único transmissível e pode ser encontrado em três formas, de acordo com a bactéria: a Haemophilus, a meningocócica (Meningococus) e a causada por Pneumococo são mais comuns em crianças de até dois anos. A partir dessa idade, a Haemmophilus tem sua incidência diminuída. Cada uma possui subgrupos, cuja gravidade varia. Da meningocócica, são mais graves os tipos A, B e C, enquanto da por Haemophilus, o B. A meningite causada pelo Meningococus é a mais comum em todas as faixas etárias e regiões e também a mais grave –o índice de mortalidade chega a 20%.
A infecção pode começar geralmente no sistema respiratório. As bactérias causadoras estão colonizadas em torno de 10% a 25% da população. A transmissão se dá por gotículas de secreção da pessoa infectada numa distância de até dois metros. A duração é maior, em torno de uma semana e sua incidência é mais comum no inverno. O período de incubação tanto da forma viral quanto da bacteriológica varia de acordo com o agente causador, mas geralmente é de 10 a 14 dias.
Não é possível identificar, pelos sintomas, a causa da meningite. Por isso, exames são necessários, até para que a medicação seja mais rápida e eficiente. Os sintomas mais comuns são os mesmos de muitas outras doenças: dor de cabeça, náusea, irritabilidade e febre alta. Rigidez na nuca também é bastante comum e mais característica da meningite. Por isso, ao perceber qualquer desses sintomas, as crianças devem ser encaminhadas ao pediatra o mais rápido possível para que o diagnóstico seja preciso e os cuidados, mais eficientes.
Quando há uma infecção no sangue, ela é controlada pela ação de células brancas, os leucócitos. No entanto, a medula espinhal não possui essas células. Assim, a infecção pode se espalhar se não houver tratamento imediato e provocar morte ou seqüelas como surdez (permanente ou temporária), dificuldade de concentração, dor de cabeça recorrente e, mais raramente, lesões cerebrais.
O tratamento preventivo pode ser feito através de vacinas. A contra a Haemmophilus do tipo B já foi incorporada pelo sistema nacional de saúde, sendo aplicada em todas as crianças. Há também vacina contra o Pneumococo e, mais recentemente, contra a meningocócica do grupo C. Entretanto, são caras, chegando a custar até R$ 180 a dose.
Ocorrência
Apesar de poder aparecer em qualquer parte do mundo, o principal foco de meningite epidêmica dos últimos anos tem sido a África sub-saariana. O “cinturão de meningite” engloba 15 países, com uma população estimada em 300 milhões de habitantes. A última epidemia, iniciada em meados da década de 90, já atingiu 350 mil pessoas. Em muitos países, as vacinas fornecidas por organismos internacionais já acabaram e faltam recursos para o tratamento.
No Brasil, já houve três epidemias de meningite. Em 1970, causada pelo meningococo grupo C, em 74 pelo tipo A e em 1992 pelo tipo B. Até 6 de março deste ano, segundo o Ministério da Saúde, foram notificados 127 casos, com 12 mortes. Em 2000, foram relatados 3145 pacientes com meningite. Ainda assim, esse número pode estar subestimado, pois muitos casos não são notificados, principalmente os provocados por vírus.
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