Você está aqui

Quase 27 anos de luta

Autor original: Fausto Rêgo

Seção original: Notícias exclusivas para a Rets

Timor Leste ocupa metade de uma ilha no Pacífico e tem cerca de 19 mil quilômetros quadrados. Colônia de Portugal durante 450 anos, seus dias de independência duraram pouco. Enquanto duas correntes disputavam o poder – a União Democrática de Timor (UDT), favorável à integração à Indonésia, e a Frente Revolucionária do Timor Leste Independente (Fretilin), que defendia a independência – tropas indonésias invadiram o país, em 7 dezembro de 1975, e ocuparam o território, que foi anexado no ano seguinte. Mesmo sem o reconhecimento da Organização das Nações Unidas, o presidente Suharto, da Indonésia, insiste em manter o domínio da região e exerce uma forte repressão contra o povo timorense, estabelecendo o idioma indonésio como oficial e tentando impor a conversão ao islamismo.

Os conflitos entre defensores da independência e os militares e as milícias pró-anexação tornam-se freqüentes. Estima-se que, nos anos seguintes, mais de 200 mil pessoas tenham morrido.

Com a morte de Nicolau Lobato, presidente da Fretilin, o jornalista Xanana Gusmão assume o comando dos rebeldes em 1979. Torna-se também presidente do Conselho Nacional de Resistência de Timor e é nomeado comandante das Forças Armadas de Libertação Nacional (Falintil). Em meio aos intermináveis confrontos, a situação do país torna-se cada vez mais caótica. Xanana seria finalmente preso em 1992 e condenado à prisão perpétua.

Destacam-se ainda, por sua luta nesse período, o ativista José Ramos Horta e o bispo Carlos Belo. Ambos receberam o Prêmio Nobel da Paz em 1996, o que aumentou sobremaneira a exposição na mídia mundial do que vinha acontecendo em Timor Leste.

Dois anos mais tarde, uma série de violentos protestos populares na Indonésia culmina com a queda do ditador Suharto. Apesar do abalo político, Timor Leste permanece sob domínio indonésio. Xanana, porém, é retirado da prisão e passa a cumprir pena em regime domiciliar.

Em 1999, em meio a uma intensa pressão internacional, o governo indonésio autoriza a realização de um plebiscito para que o povo decida pela independência ou não do país. Em 30 de agosto, com a expressiva participação de 99% dos timorenses, a opção por um país livre foi referendada. A reação das milícias favoráveis à anexação – com apoio de militares indonésios – é violenta e os conflitos se repetem, com centenas de mortos – entre os quais cinco funcionários da ONU, que é forçada a abandonar o território.

Um novo plebiscito é realizado em 4 de setembro e o resultado confirma o desejo popular de independência, com 78,5% dos votos. Dias depois, Xanana é libertado e forças internacionais de paz organizadas pela ONU entram no país. A partir de outubro, o comando de Timor Leste é entregue provisoriamente às Nações Unidas, para realizar a transição democrática. Em agosto de 2001, o povo elege os 88 membros da Assembléia Constituinte que prepararia a nova Constituição timorense.

As eleições presidenciais são marcadas para 14 de abril de 2002. Xanana Gusmão concorre contra Francisco Xavier do Amaral e vence por ampla maioria – 83% dos votos contra 17%. No próximo dia 20 de maio, oficialmente, encerra-se a administração transitória de Timor Leste pela ONU e Xanana assume o poder.

Fausto Rêgo

Theme by Danetsoft and Danang Probo Sayekti inspired by Maksimer