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Água - bem em extinção?

Autor original: Mariana Loiola

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Foi lançada, no último dia 29, a Campanha Água Viva para São Paulo, que, por meio da mídia – principalmente a internet –, pretende informar e conscientizar a população e o poder público sobre a situação crítica em que se encontram os mananciais de São Paulo. A idéia é mobilizar esses setores para serem agentes na proteção dos mananciais.


O Instituto Socioambiental (ISA), responsável pela campanha, elaborou entre setembro de 1999 e novembro de 2000 um diagnóstico socioambiental da Bacia Hidrográfica da Billings, que abrange seis municípios da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) – Diadema, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Santo André, São Bernardo e São Paulo –, em parceria com organizações governamentais e não-governamentais locais. O conteúdo integral do diagnóstico foi reunido na publicação Billings 2000 – Ameaças e Perspectivas para o Maior Reservatório de Água da Região Metropolitana de São Paulo, que está disponível no site www.aguavivasp.org.br, em textos, fotografias, mapas interativos, tabelas e gráficos. O usuário pode obter informações sobre a Billings através da sobreposição de diferentes temas, como desmatamento, uso do solo, ocupação urbana, irregularidades, áreas de mineração, limites municipais e estradas, entre outros. Também podem ser encontradas informações gerais sobre a campanha.


O estudo mostra que a Billings teve, nos últimos anos, grande perda de sua cobertura vegetal nativa, fundamental à produção de água para o abastecimento público, e aumento da ocupação urbana irregular – que, embora tenha sido identificada pelo governo, ainda não foi resolvida. A migração para a região dos mananciais, condicionada pelo baixo custo de moradia, é cada vez maior. "Em 20 anos, houve mais de mil ocorrências de ocupações ilegais e o governo não tomou nenhuma providência. Esses dados demonstram o quanto a impunidade está instalada", afirma Marúcia Whately, arquiteta do ISA e coordenadora da campanha. Além da expansão urbana desordenada, as irregularidades ocorrem nas movimentações de terra, no depósito de lixo e no desmatamento.


A ocupação irregular e a perda de cobertura vegetal na região dos mananciais estão afetando a qualidade e a quantidade da água. A população já tem sofrido com as alterações no cheiro e no gosto da água. Também existe uma grande quantidade de esgoto sendo despejado em rios e represas, o que aumenta a proliferação de algas, pois estas se alimentam de matéria orgânica contida no esgoto. Algumas dessas algas são tóxicas, o que aumenta os riscos de doenças de veiculação hídrica. São Paulo, que já tem tido que conviver com rodízios de abastecimento, também está correndo um sério risco de sofrer com a falta de água. "A situação está completamente fora de controle e acelerada", alerta a coordenadora da campanha.


A divulgação desse estudo e o alerta sobre o perigo da falta de água serão feitos através de spots para rádio, filmes para TV e cinema e peças para a mídia impressa e outdoors. "Pretendemos criar condições para que a sociedade compreenda a situação dessas mananciais e promover um grande debate sobre soluções para a região", diz Marúcia.


Espera-se, com esta campanha, que a população assuma o compromisso de proteger os mananciais e que o governo encare os problemas sociais e ambientais da Região Metropolitana de São Paulo. "Queremos formar uma parceria com a população para pressionar o poder público, reverter esse processo de degradação e conservar a cobertura vegetal nativa ainda intacta. A comunidade deve notificar as irregularidades e cobrar soluções. Do poder público, queremos ação para resolver e não maquiar o problema", diz.


O contato com a organização da Campanha Água Viva para São Paulo pode ser feita através do site www.aguavivasp.org.br ou pelo correio eletrônico aguavivasp@socioambiental.org.


Mariana Loiola

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