Você está aqui

Transgênicos à mesa?

Autor original: Mariana Loiola

Seção original: Novidades do Terceiro Setor

Os riscos dos transgênicos são ainda imprevisíveis e, por esse motivo, estão proibidos no Brasil. Mesmo assim, isso não impede que eles estejam presentes na mesa dos brasileiros. Além de não terem nenhuma garantia de segurança em relação aos alimentos transgênicos, os brasileiros estão consumindo - sem saber - esses produtos diariamente.


Atento ao perigo dos transgênicos e à falta de respeito de algumas indústrias de alimentos ao consumidor brasileiro, o Greenpeace lançou no último mês o "Guia do Consumidor - lista de produtos com ou sem transgênicos". Complementando outras ações preventivas contra os transgênicos, a publicação visa ser uma referência para as pessoas que desejam evitar o consumo desses alimentos.


A idéia do Guia surgiu após uma série de testes realizados pelo Greenpeace desde o ano de 2000, que indicaram a presença de transgênicos em diversos alimentos comercializados no Brasil, apesar de os transgênicos estarem proibidos no país por sentença judicial, até que se possa saber sobre os seus impactos. "Constatamos que não têm sido tomadas as medidas de controle necessárias nas lavouras e nos supermercados, o que seria trabalho dos ministérios da Agricultura e da Saúde", afirma Mariana Paoli, coordenadora da Campanha de Engenharia Genética do Greenpeace.


O Greenpeace iniciou, então, um trabalho para solicitar às indústrias alimentícias a garantia de que seus produtos não continham transgênicos. Durante seis meses, o Greenpeace entrou em contato com mais de 70 empresas, pedindo uma declaração que garantisse o não-uso de transgênicos e solicitando explicações sobre as medidas de controle adotadas para evitar a aquisição e a utilização de matéria-prima contaminada. O Guia traz mais de 500 produtos que contêm ingredientes derivados de milho e soja, presentes em cerca de 60% dos produtos alimentícios industrializados. Esses produtos foram divididos em duas colunas: os produtos das empresas que ofereceram essa garantia estão listados em uma coluna verde; as empresas que não puderam oferecer essa garantia têm seus produtos na lista vermelha.


O conhecimento da população em relação aos transgênicos ainda é muito limitado mas, de acordo com uma pesquisa do Greenpeace, a tendência do consumidor é rejeitar esses alimentos. A organização procura estar sempre informando sobre os riscos que os transgênicos oferecem, participando de audiências públicas e palestras, além de divulgar dados atualizados em sua página eletrônica. "Também são formas de pressionar as indústrias de alimentos para que elas parem de utilizar transgênicos em seus produtos", diz.


Pesquisas indicam que os transgênicos, ou organismos geneticamente modificados (OGMs), podem provocar uma série de riscos, como o aumento da quantidade de agrotóxicos no ambiente e a perda da biodiversidade, pois contaminam outras espécies naturais e afetam insetos que não prejudicam o cultivo. Em relação à saúde, as suspeitas seriam de que os transgênicos poderiam provocar alergias e a resistência do organismo humano a antibióticos, dificultando o tratamento de doenças. "Não sabemos o que mais os transgênicos podem provocar. Ainda não foram feitos estudos para confirmar os riscos. Portanto, não existe nenhuma garantia de que sejam seguros", diz Mariana.


Segundo Mariana, as empresas no Brasil ainda não estão preocupadas em fazer controle da origem desses alimentos. Algumas multinacionais, como a Nestlé, a Kraft e a Danone, usam transgênicos nos seus produtos no Brasil, onde o uso é proibido, e não usam na Europa, onde o uso é permitido. Ao contrário do que acontece no Brasil, na Europa essas empresas respeitam os consumidores, que não aceitam os transgênicos. "Esperamos que com as denúncias feitas através da nossa página e desse guia, as empresas sigam exemplos de outras empresas, passem a fazer o controle da aquisição da matéria-prima e não utilizem mais os transgênicos", diz Mariana. A página do Greenpeace na internet estará sempre sendo atualizada para destacar as empresas que mudarem a sua posição e, no final do ano, será lançada a segunda edição do Guia. Além disso, a organização continuará realizando testes para verificar a presença dos transgênicos em produtos alimentícios.


Mariana explica que, para o consumidor, os transgênicos não oferecem nenhuma vantagem: "o alimento não fica mais saboroso nem mais nutritivo". Também não existe vantagem para o agricultor, pois aumentam a quantidade de agrotóxicos e não aumentam a produtividade. "O uso dos transgênicos só interessa às empresas detentoras dessa biotecnologia, que estão querendo controlar a produção das sementes", diz.


O Guia do Consumidor - lista de produtos com ou sem transgênicos, em formato pdf, e uma lista de endereços onde podem ser adquiridas cópias impressas estão disponíveis na página eletrônica do Greenpeace (www.greenpeace.org.br).

Mariana Loiola

Theme by Danetsoft and Danang Probo Sayekti inspired by Maksimer