Autor original: Rogério Pacheco Jordão
Seção original: Notícias exclusivas para a Rets
Não há instituição de ensino ou cultura no Brasil que não conheça – ou ao menos já tenha ouvido falar – da Fundação Vitae. E não é para menos. Com 16 anos de vida, ela já beneficiou mais de 700 projetos ligados a museus, escolas, centros de pesquisa, bolsistas, entre outros. Somente no ano passado foram 105 projetos, envolvendo mais de R$ 15 milhões. Fomentando, promovendo e apoiando iniciativas nas áreas de Educação, Cultura e Promoção Social, a Fundação nasceu em 1986, quando o Grupo Hochschild vendeu uma parte de suas empresas de mineração e metalurgia que atuavam no Brasil, no Chile e na Argentina. Com o capital conseguido, surgiu a Fundação Lampadia, sediada em Lichenstein, e fundações ‘filhas’ desta, localizadas nos três países em que estavam as empresas vendidas. Surgia assim em terras tupiniquins a Vitae, cujas linhas de ação não se modificaram no decorrer dos anos. Uma iniciativa de empresários, a Vitae foi um dos primeiros exemplos de responsabilidade social empresarial – conceito hoje amplamente difundido no país.
“Atuamos quase que autonomamente, dentro das linhas programáticas que definimos”, afirma a diretora-executiva da Fundação Vitae, Regina Weinberg, polonesa que adotou o Brasil, mais especificamente São Paulo, como casa.
A instituição desenvolve projetos próprios, financia programas de outras instituições e atua em parceria com organizações da sociedade civil e de ensino. “Já é lugar comum dizer que é através da educação que se muda o futuro de um país. Por isso, essa é a área com a qual mais trabalhamos, principalmente no apoio ao ensino fundamental e médio”, diz ela.
Conheça a seguir os principais programas da Vitae e fique sabendo quais programas estão com as inscrições abertas.
Educação: maneiras diferentes para o mesmo fim
Os programas de aperfeiçoamento da qualidade de ensino propiciam capacitação de professores do ensino médio, avaliação do material didático usados nas escolas em geral, inventário de termos especializados para escolas técnicas, desenvolvimento de recursos e matérias de apoio às aulas, entre outras iniciativas. Segundo a diretora-executiva da Vitae, a instituição quer agora agregar ensino à distância a seus programas.
O programa de apoio a Escolas Técnicas e Agrotécnicas é desenvolvido há sete anos e já beneficiou 102 projetos em mais de 80 escolas. O objetivo é atualizar os currículos e modernizar os aparelhos das escolas técnicas e agrotécnicas de nível médio, tanto as da rede federal, como das estaduais e municipais, além das filantrópicas das regiões Sul e Sudeste e as estaduais do Nordeste. As atividades incluem ainda atualização de acervo bibliográfico e de recursos didáticos nas áreas de tecnologias básicas e avançadas e programas de formação continuada para docentes e técnicos. As instituições que quiserem participar do programa podem se cadastrar em qualquer época do ano, utilizando o formulário disponível no site.
Outra área de atuação, ainda dentro da linha programática Educação, é a que estimula os modelos alternativos de escola e inovações pedagógicas. Nessa divisão, encaixam-se os mais diversos programas realizados por todo o Brasil que propõem um modo diferente de ensinar, adaptado às condições e necessidades de cada local ou ocasião.
Um desses programas, citado com orgulho por Regina Weinberg, é o das escolas rurais em regime de alternância (método desenvolvido pela Fundação José Carvalho), programadas para atenderem cerca de 1000 crianças. São quatro na Bahia, uma em Sergipe e uma está sendo implantada em Pernambuco. A idéia é instalar uma escola em cada estado do Nordeste. Nas escolas em regime de alternância, a criança fica um mês na escola em regime de internato e dois meses em casa, onde é acompanhada por professores itinerantes. Nas escolas, os alunos aprendem técnicas agrícolas simples, horta, hábitos de higiene alimentar e pessoal etc.
“As escolas rurais ficam em áreas muito pobres. As crianças, ao levarem para casa e repassarem o que aprenderam na escola, tornam-se verdadeiros agentes sociais, ensinando às famílias e às comunidades higiene e técnicas agrícolas que ajudam a garantir o sustento. Sabemos de famílias que vendem nas feiras colheitas cujas primeiras sementes foram as crianças que levaram, trazendo da escola”, esclarece Regina.
O último programa da área de Educação é o de apoio a centros de ciência. “Esses centros de ciência constituem complementos importantes à educação formal, pois os jovens têm contato de forma lúdica com a ciência”, diz a diretora-exectiva. Os centros apoiados são normalmente ligados a instituições de ensino superior ou de pesquisa, como o Observatório de Valongo, da UFRJ.
O órgão já desenvolvia o programa “Astros a serviço das ciências”, que consiste em oficinas oferecidas às crianças da rede pública de ensino, principalmente do entorno do observatório, que visitam a instituição. Através das oficinas, crianças podem entender melhor e na prática temas abordados nas aulas de Geografia (pontos cardeais, movimentos de translação e rotação), Matemática (proporcionalidade), Química (espectro da luz) e outras. “A intenção é, através da Astronomia, despertar o interesse dos alunos pela ciência”, afirma a coordenadora de extensão do Observatório, Encarnacion Amélia Martinez Gonzalez.
O apoio da Vitae em Valongo permitiu a ampliação do acervo de instrumentos científicos e recursos didáticos para aperfeiçoamento das atividades dirigidas a professores e alunos do ensino fundamental e médio de escolas públicas. “A Vitae acrescentou muito ao nosso trabalho. Ela nos deu um planetário inflável, onde cabem 35 crianças e dois relógios solares (que medem as horas através da sombra do sol)”, afirma Encarnacion. No Observatório de Valongo a Vitae viabilizou também a execução do projeto TIE – Tecnology in Education, programa integrado do qual participam, no Brasil, seis instituições de ensino superior. O observatório ganhou dois telescópios Mead (que permitem que se veja de um determinado lugar como está o céu do outro lado do mundo, através da interligação dos centros astronômicos). “O bonito disso não é o acesso em si aos telescópios. É que, através desse trabalho, vamos despertar interesse pelas ciências”, conclui Encarnacion.
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