Autor original: Mariana Loiola
Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor
Iniciativa da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids (RNP+) - Núcleo do Estado do Rio de Janeiro, o Projeto Mulher Pozithiva abre um espaço para mulheres portadoras do vírus HIV dividirem suas experiências e, através de um grupo de ajuda mútua, adquirirem mais auto-confiança.
A RNP+ surgiu em 1995, durante o V Encontro Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids, no Rio de Janeiro. Pessoas soropositivas de vários estados do Brasil se uniram e perceberam a necessidade de construir um espaço, feito por elas, onde desenvolvessem atividades, na busca de mais qualidade de vida. A missão da RNP+ é propiciar melhores alternativas de vida, tanto no âmbito social como no da saúde física e mental, a pessoas portadoras do HIV/Aids, familiares e amigos. Os seus representantes atuam, prioritariamente, junto aos serviços públicos de saúde.
"Existem assuntos que não conseguimos falar com os homens".
O espaço do Projeto Mulher Pozithiva é um dos serviços oferecidos pela RNP+. Instalado no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, é dividido em três salas: a Sala de Conversa Exclusiva para Mulheres Portadoras do Vírus HIV, a Sala de Conversa para Mulheres, Mães, Familiares e Amigas de Pessoas Portadoras do Vírus HIV e a Sala de Conversa para Jovens Mulheres Portadoras do vírus HIV com filhos. Nesse último caso, enquanto as mães conversam, as crianças brincam com uma recreadora.
Juçara Portugal Santiago, que coordena a Sala de Conversa Exclusiva para Mulheres Portadoras do Vírus HIV e também é portadora do HIV, explica a importância dessa exclusividade: "Existem assuntos que nós não conseguimos falar com os homens. Numa sala exclusiva para as mulheres, ficamos mais à vontade para falar. A intenção é que nós nos fortaleçamos e depois partamos para interagir com os homens sobre o assunto."
Auto-estima
O projeto procura dar voz às mulheres portadoras de HIV e às suas necessidades, e prepará-las para serem mais ativas. Através da discussão de temas relacionados ao assunto, essas mulheres elaboram propostas para melhorar as suas vidas e os serviços de atendimento em unidades de saúde. Juçara, que é também assistente de coordenação do Projeto Mulher Pozithiva e vice-presidente do Núcleo RJ da RNP+, diz que muitas mulheres casadas e com filhos, têm o hábito de cuidar muito do outro e não tanto de si mesmas. "Nós, portadoras do vírus HIV, acabamos ficando muito isoladas. Precisamos elevar a nossa auto-estima, buscar mais qualidade de vida e os nossos direitos", afirma.
Nas reuniões também são distribuídos preservativos masculinos e femininos, cujo uso é explicado por Juçara, que foi treinada para ser multiplicadora sobre sexo seguro pela Coordenação de DST/AIDS do Estado do Rio de Janeiro.
A Aids não é castigo, nem pecado
Esse processo de auto-fortalecimento não é fácil. Juçara diz que nem todo mundo tem coragem de assumir a doença e que esse processo pode levar muito tempo. "É difícil assumir a doença socialmente. Existe muito tabu, medo e preconceito em relação à Aids, que atingem não só as mulheres portadoras como também as suas famílias. Essas mulheres precisam entender que a Aids não é castigo ou pecado. Mas cada uma tem o seu tempo. Quando eu não falava sobre o assunto, por exemplo, parecia que estava escondida. Com o apoio da família e desse grupo, vi que não precisava ficar escondida e passei a buscar uma maior visibilidade", diz.
O projeto, que teve início no final de 2001, terá o financiamento encerrado em dezembro deste ano. O projeto Mulher Pozithiva é patrocinado, atualmente, pela Coordenação Nacional de DST/AIDS do Governo Federal, Unesco e Bird – Banco Mundial. Para garantir o funcionamento do projeto, a equipe deve buscar outros apoios.
Para saber os horários das reuniões do grupo ou obter mais informações sobre o Projeto Mulher Pozithiva, é só ligar para o telefone (21) 2204-5063 ou escrever para mulherpozithiva@terra.com.br.
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