Lançada Incubadora Social para jovens empreendedores em Recife

Autor original: Mariana Loiola

Seção original: Novidades do Terceiro Setor

Muitas idéias e pouca experiência. A maioria dos jovens brasileiros que sonham em mudar a sua realidade e a da sua comunidade encontram poucas oportunidades de materializar os seus projetos. Pensando nisso, a Academia de Desenvolvimento Social (instituto pernambucano voltado para a gestão no terceiro setor), está abrindo um espaço para ajudar jovens empreendedores sociais a desenvolverem seus próprios projetos comunitários. O objetivo é transformar idéias em ação. A Incubadora Social será lançada oficialmente no dia 24 de julho, em Recife (PE).

A implantação da Incubadora é a concretização de uma das estratégias da Academia de Desenvolvimento Social para ajudar jovens a se tornarem agentes de mudanças sociais. Os fundadores da Academia - os administradores Rui Mesquita e Romel Pinheiro – criaram uma metodologia inovadora para o projeto, que vai selecionar por ano 20 jovens empreendedores, entre 18 e 28 anos, da Região Metropolitana do Recife.

 Para Mesquita, que é também o presidente da Academia, o trabalho supre a demanda por políticas voltadas para o desenvolvimento de jovens - uma área que ganha pouca atenção dos poderes públicos. Isso em uma idade de definições profissionais. "Queremos incentivar esses jovens para que não sejam simplesmente seduzidos pelo mercado e não esqueçam a sua inquietação com os problemas sociais", diz.

Benefícios incluem acesso a Internet e bolsa

Com o apoio de organizações como a Kellogg Foundation e empresas privadas, a Incubadora vai oferecer benefícios aos jovens através de cinco componentes. O primeiro é a estrutura física, constituída por salas de trabalho, computadores conectados à Internet, telefone e fax. "Apesar de estar a maior parte do tempo trabalhando na comunidade, o jovem contará com uma base, de fácil acesso, no centro da cidade", diz Rui.

 O segundo componente será a capacitação, com cursos de planejamento de projeto, marketing social, estratégias de comunicação e legislação para o terceiro setor, captação de recursos, democracia e políticas públicas. Através de oficinas, os jovens também terão a oportunidade de apresentar as suas idéias a diversos atores sociais e formar a sua própria rede de relacionamentos, trocando informações com outras ONGs, empresas privadas com atuação na área social, financiadores, instituições do setor público e mídias. Cada jovem terá um "padrinho", uma pessoa que servirá como um consultor para apoiar a implantação do projeto, dando aconselhamento técnico e incentivando os jovens a manterem a determinação. O quinto benefício será a concessão de uma bolsa para cobrir, durante um ano, despesas como transporte e alimentação. "Esperamos que após esse período, o jovem já tenha conquistado as suas próprias fontes de captação de recursos", diz Rui.

Inscrições vão até 30 de setembro

Ao fim do primeiro ano na Incubadora, o jovem será avaliado. Se já tiver estrutura física independente, ele sai do projeto. Os benefícios durarão até no máximo três anos. "A nossa intenção não é agir de forma paternalista, e sim, estimular os jovens a caminharem com as próprias pernas", afirma Mesquita. A idéia é que os ex-incubados possam se tornar padrinhos de outros jovens na Incubadora e, através de um programa de fellows a ser criado pela Academia, se encontrem para discutir o desenvolvimento dos seus projetos e trocar informações.

Os candidatos a participar do programa podem se inscrever até o dia 30 de setembro. Serão aceitos projetos em qualquer área, desde que tenham cunho social, cultural ou ambiental. A Academia espera treinar aqueles que realmente tenham o espírito de empreendedor social e que possam gerar novas tecnologias comunitárias para solucionar problemas sociais.

Os 20 selecionados começarão as suas atividades em janeiro de 2003. Mais informações em www.academiasocial.org.br, pelo correio eletrônico info@academiasocial.org.br ou pelo telefone (81) 3423-4102.

Mariana Loiola