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Campanha pelo voto ético

Autor original: Marcelo Medeiros

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Flávio de Almeida

“O Brasil tem fome de ética e passa fome em conseqüência da falta de ética na política”. A frase do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, ainda soa atual dada a continuidade da fome e da miséria no país. Nas eleições de outubro, portanto, será necessário votar consciente e responsavelmente para eleger políticos compromissados em resolver esses graves problemas brasileiros. Para ajudar nesse trabalho a Ação da Cidadania Contra a Fome e a Miséria pela Vida, em parceria com a Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) e a Pastoral da Criança, lançou no dia 16 de julho, no Armazém da Cultura e Cidadania, no Rio de Janeiro, a Campanha pelo Voto Ético de 2002. A RITS apóia a campanha, tendo elaborado o site onde está disponível a cartilha Voto Ético – Eleições 2002 (www.votoetico.org.br) e informações a respeito de como participar. O objetivo dos organizadores é distribuir 1 milhão de cartilhas até outubro.


A iniciativa existe desde 1996, quando foram distribuídas milhares de cartilhas em defesa do voto ético em todo o país, e se repetiu nas eleições de 1998 e 2000. A idéia inicial foi de Betinho, criador da Ação da Cidadania, que queria estimular a população a conhecer as regras eleitorais. Foi produzida então uma cartilha com informações sobre como votar, os cargos, legendas etc. As cartilhas seguintes mantiveram esse padrão. Este ano a campanha ganhou um reforço significativo, com a participação da CNBB e da Pastoral da Criança, que multiplicarão a idéia do voto ético em todas as paróquias.


Cartilha está mais fácil de ler


Em sua versão 2002, a cartilha está mais simples e didática . Ela é menor no tamanho (cabe no bolso) e mais enxuta nas informações. “Ao invés de uma cartilha intelectualizada como as outras, foi produzida uma com linguagem simples e ilustrações para alcançar a todos sem chamar o leitor de burro”, diz Daniel de Souza, coordenador da cartilha. Cada uma das 12 páginas apresenta um tipo de informação. No tópico “Como escolher um candidato” há conselhos sobre o por quê de não votar em candidatos que compram votos e as conseqüências desse tipo de atitude. Há também esclarecimentos sobre as funções e responsabilidades envolvidas nos cargos eletivos. As últimas páginas trazem informações sobre atitudes a serem tomadas no caso de perda do título, mudança de endereço e garantia de seções eleitorais especiais para portadores de deficiência. Além disso, há um calendário eleitoral e estímulos à valorização do voto.


Esse último item é bastante importante. Para Marta Porto, da Unesco, presente ao lançamento da campanha, “o voto, além de um ato de consciência, é um ato de generosidade”. Num país com mais de 110 milhões de votantes e 54 milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza, votar em candidatos ligados ao combate à pobreza é vital. Como diz o material, “se um candidato é capaz de tentar comprar o seu voto, imagine o que ele fará depois de eleito”. Por isso é importante pesquisar a história do partido e do candidato.


Material para download no site


Já foram produzidas 200 mil cartilhas, que serão distribuídas em todo o Brasil. O objetivo é chegar a 1 milhão de cartilhas, que serão reproduzidas e distribuídas por uma rede formada por 40 mil pontos de distribuição. A internet, que será utilizada pela primeira vez, será uma ferramenta importante, já que os interessados poderão fazer download e imprimir a cartilha. O site da campanha, desenvolvido pela RITS, traz também informações sobre a luta pelo voto ético. “Nosso objetivo é agregar novas redes e conseguir dessa forma a adesão de formadores de opinião. Nesse ponto a internet será fundamental”, afirma o coordenador da campanha Maurício Andrade.


“A campanha é muito importante para o povo pensar que o voto não deve ser dado a alguém que fez um favor, mas que é uma ferramenta de inclusão social e de formação de cidadãos. Não acontecerão milagres se não houver co-responsabilidades”, lembra Zilda Arns, coordenadora da Pastoral da Criança. Novos grupos serão convidados a participar da campanha até a eleição e dessa forma atingir a meta de um milhão de panfletos distribuídos. Ainda assim, não descartam a possibilidade desse número se multiplicar. “Uma das características da campanha é a emoção, baseada no sonho de buscar uma nova organização social. E sonhos servem para transformar e serem realizados” diz Andrade, complementado por Daniel de Souza: “quero ver essa marola se tornar um maremoto eleitoral”.

Marcelo Medeiros

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